sexta-feira, 5 de junho de 2009

A Arte de Sonhar Lucidamente

É mais do que uma obrigação postar aqui no blog um grande portal sobre Viagem Astral, na verdade o Maior do Mundo !É o Voadores.com.br, lá eles tem um grande e rico conteúdo com vários colunistas importantes, como Benedicto Cohen, Lázaro Freire e Wagner Borges. Quem se interessa por sonhos lúcidos e/ou viagem astral tem a obrigação de passar no portal Voadores.com.br. Eu vou aqui postar um texto que eu gostei muito do Benedicto Cohen, foi interessante ele citar que de um sonho lúcido é bem mais fácil de se ter uma viagem astral. Comigo já aconteceu diversas vezes isso, não é atoa que eu gosto de sonhos lúcidos. O texto foi retirado do link http://www.voadores.com.br/site/geral.php?txt_funcao=colunas&view=3&id=81 , então, aí vai o texto:

A Arte de Sonhar Lucidamente
Publicado em: 04 de setembro de 2006, 17:34:19

O nível de lucidez nas projeções e sonhos lúcidos varia muito, independente da prática, experiência ou curriculum esotérico do projetor.
.
Algumas experências podem ser muito lúcidas, outras muito confusas, algumas serão vividas no momento, outras apenas lembradas, etc., etc.

Vários fatores podem exercer influência a cada noite - alimentação, equilíbrio emocional, dias em que estamos mais propensos para coisas espirituais, dias mais pé-no-chão...

Naturalmente que o preparo (leitura de textos sobre o assunto, meditação, exercícios e - o mais importante - a intenção de se projetar ou sonhar) sempre criará condições mais propícias para experiências mais lúcidas e mais freqüentes.

Mas voltando especificamente ao caso sonhos lúcidos:

Bem, um sonho lúcido é um sonho no qual a pessoa toma consciência de que está sonhando, e passa então a observar e interagir com o sonho.

Nessa situação, o sonhador pode exigir maior ordem nas coisas, meio que recriando o ambiente (pois num sonho lúcido ele é o senhor todo-poderoso do pedaço) ou então simplesmente pedindo mentalmente (a si mesmo) mais lucidez.

Numa outra linha, nos processos do Soñar (a arte de sonhar), Castaneda ensina um exercício para 'fixar' melhor as coisas, nesse tipo de sonho. Desde que vc tenha consciência de que está sonhando, a técnica é escolher um elemento a esmo (um prédio, uma árvore), e concentrar olhares alternados entre esse objeto e o resto do ambiente. Olha o objeto, olha o cenário. Olha o objeto, olha o cenário....

A princípio, o resto do ambiente ficará mudando, incerto (mas o objeto não), até que num determinado momento o ambiente circundante não mudará mais. Ou seja, vc terá 'apaziguado' (o termo é meu) o cenário. A partir daí as coisas ficarão mais fáceis, por lá.

Resta dizer que Castaneda procura usar o Sonhar para criar pontos de encontro e aprendizado, com outros mestres ou pares, visto que tanto os SLs quanto as projeções sem um objetivo mais específico tendem a se tornar coisas inócuas, ou meramente recreativas ( o que também não tem nada de mau ou errado, a meu ver).

Por outro lado, vc poderá também usar os SLs como ponte para projeções astrais lúcidas. Basta apenas que vc, durante o sonho lúcido, deseje conscientemente ir para algum lugar conhecido, no mundo físico.
O que é bem simples de fazer, aliás.

Às vezes falamos e escrevemos e explicamos, e a coisa toda fica parecendo muito teórica, coisa e tal, mas na verdade todas essas coisas são bem simples, no momento em que ocorrem, na prática.

Como nesse caso, por exemplo. A pessoa se vê lúcida num sonho, aí pega e pensa: "Puxa, estou num Sonho Lúcido... Vou aproveitar para fazer uma viagem astral..." "Deixa eu ir até a casa de Fulana..."
E pronto. Quase com certeza, a etapa seguinte será a pessoa se ver projetada e lúcida, na casa da tal pessoa.

Mesma coisa para pedir mais lucidez, mais clareza: Vc tá lá no meio da experiência, se sentindo meio confusa...

Aí então vc pára tudo, se concentra um pouco, e diz ou grita mentalmente, para vc mesma: "Mais lucidez !!! " ( ou "mais luz" ou "mais clareza, pô!" )
Só isso, sem maiores sofisticações.

Percebe? No fundo, o que faz as coisas acontecerem é a intenção, o intento, a vontade. O resto é teoria.

Um abraço. E que nossos sonhos lúcidos fiquem cada vez mais lúcidos, amém.

Bene
--
Benedicto Cohen (Bene)
beneluxbr@yahoo.com.br

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Projeção da consciência

Bom, como eu hoje comecei a abordar o tema "Viagem Astral", entre outros nomes, eu dei uma passadinha lá na Wikipédia para saber o que tinha escrito sobre o tema. Eu sempre antes de estudar algum assunto novo gosto de dar uma passadinha na Wikipédia, afinal lá tem de tudo, embora eu ouço falar que tem algumas coisas lá que são baboseiras escritas pelas pessoas mesmo assim a Wikipédia não costuma me decepcionar.

Projeção da consciência
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


De acordo com diversos pesquisadores, por intermédio da projeção da consciência, seria possível conhecer dimensões extrafísicas, conhecidas como plano espiritual, astral ou etérico.

Projeção da consciência, experiência fora-do-corpo (EFC), experiência extracorporal, desdobramento, projeção astral ou viagem astral são termos usados alternativamente para designar as experiências fora-do-corpo (do inglês, out-of-body experience – OBE ou OOBE) que pode ser realizado por qualquer pessoa, por meio do sono, via meditação profunda, ou outras técnicas de relaxamento. A Projeciologia acredita que, durante a projeção, quando lúcida, o indivíduo está ciente de que se encontra fora do próprio corpo, projetado por meio do (corpo astral, perispírito), psicossoma) etc. Por intermédio da projeção da consciência é possível conhecer dimensões extrafísicas, relativas ao plano astral ou espiritual.

A projeção da consciência é uma experiência tipicamente subjetiva, descrita muitas vezes como próxima a sensação corporal de estar flutuando como um balão, e em alguns casos conforme relatos, havendo a possibilidade de estar vendo o próprio corpo físico, olhando-o sob o ponto de vista de um observador, fora do seu próprio corpo (autoscopia). Estatisticamente, uma em cada dez pessoas afirma ter tido algum tipo de experiência fora do corpo em suas vidas. Para alguns, o fenômeno ocorre espontaneamente, enquanto para outros está relacionado a circunstâncias de perigo, como os estados de coma, em sonho profundo, ou também relacionados as experiência de quase-morte, ou mesmo induzida através do uso de drogas e psicotrópicos.

A projeção astral com freqüência é associada ao esoterismo e o movimento da Nova Era. Paralelamente, a medicina começa a tratar o assunto com mais atenção devido aos inúmeros relatos de experiências quase-morte (EQM). No entanto, explicações científicas parciais foram elaboradas para as EQMs que não envolvem a projeção da consciência que, continua sem explicação científica.

Bunning e Blanke (2005) do Laboratório de Neurociência Cognitiva, Ecole Polytechnique Federale de Lausanne (EPFL), Lausanne, e Departamento de Neurologia, Hospital Universitário, Genebra, Suíça, revisaram alguns dos fatores clássicos que indicam e podem induzir a autoscopia. Estes são sono, abuso de droga, e anestesia geral, assim como o próprio neurobiologismo.

Possíveis explicações
Técnicas de Yoga poderiam ajudar a permanecer consciente durante a projeção


Na Projeciologia acredita-se que, durante o sono, quando o metabolismo e as ondas cerebrais diminuem, os laços energéticos que seguram o psicossoma ao corpo físico se soltariam, então o psicossoma da pessoa seria projetado para fora do corpo humano. Dependendo do estado de lucidez, são relatados posteriormente como sonhos, sonho lúcido ou uma experiência extracorpórea totalmente lúcida. Não importa o quanto estiver afastada do corpo humano, a sua consciência estará sempre ligada à ele, pelo "cordão de prata" um feixe de luz que só se romperia quando ocorrer a primeira morte (morte biológica) e voltaria quando solicitado, impossibilitando que se fique preso extrafisicamente.

Segundo a concepção espírita, o desdobramento trata-se de um processo de exteriorização do perispírito do corpo físico. O perispírito, durante este processo, sempre permanece ligado ao corpo por uma espécie de cordão umbilical fluídico. É um estado de relativa liberdade perispiritual, análogo ao sono, em que podemos agir semelhantemente a um desencarnado, podendo nos afastar a distâncias consideráveis de nosso corpo físico. O desdobramento pode ser consciente ou inconsciente e, nesse último caso, pode ser iniciado através de operadores encarnados ou desencarnados (benfeitores ou obsessores). Também pode ser parcial, que é quando o perispírito não deixa o corpo físico totalmente (situação na qual as faculdades psíquicas são muito ampliadas) ou total, quando o perispírito deixa o corpo físico. Os portadores desta faculdade têm sonhos vívidos, coerentes e nítidos em que assistem a cenas que, mais tarde, descobrem terem sido fatos reais ocorridos em outros lugares. Podem também ter visões de cenas fantásticas, com muito realismo, ouvir sons e até sentir contato dos lugares onde forem. Essa faculdade pode ser desenvolvida através de exercícios metódicos. Também é chamado de desdobramento astral, exteriorização ou emancipação da alma.

Já os céticos vêem as projeções de consciência como formas de alucinações, que podem ser vivenciadas, devaneios e memórias. Essa hipótese é apoiada em experimentos nos quais há a indução do estado quase-morte (EQM) por medicações anestésicas como a quetamina, pela indução de hipóxia cerebral e estimulação elétrica do giro angular direito do cérebro.

Projeções

Existiriam alguns tipos de projeções e níveis de lucidez:

Níveis de lucidez

Projeção inconsciente: ocorreria quando o projetor sairia do corpo totalmente inconsciente. Seria um "sonâmbulo extrafísico". A maioria absoluta da população do planeta faria esta projeção durante o sono ou cochilo e estas seriam posteriormente relatadas como sonhos.
Projeção semiconsciente: ocorreria quando o grau de consciência é intermediário, e a pessoa ficaria sonhando acordado fora do corpo, totalmente iludido por suas idéias oníricas. Conhecido também como sonho lúcido.
Projeção consciente: ocorreria quando o projetor sairia do corpo e manteria a sua consciência durante todo o transcurso da experiência extracorpórea. São poucos que dominariam esta projeção.

Tipos de projeções

Projeção em tempo-real: quando o projetor projetaria-se para fora do corpo físico e cairia no plano mais próximo ao plano físico, vivenciando tudo ao seu redor. Quem conseguiria este tipo de projeção, poderia relatar acontecimentos do cotidiano, naturais e extrafísicos. Dependendo o nível do projetor seria possível interagir com o plano físico.

Projeção involuntária: ocorreria com a maioria das pessoas que acordariam dentro dos sonhos sem sua própria vontade.

Experiência quase-morte: seria a experiência ocorrida quando, devido a uma doença grave ou acidente, a pessoa sofre o chamado "estado de quase morte". O coração e todos sinais vitais, inclusive as ondas cerebrais detectadas por aparelhos, parariam e a morte clínica do paciente estaria atestada pelos médicos. Nessas situações, acredita-se que o 'espírito' não se desligaria do 'corpo físico' e o paciente “milagrosamente” ressuscitaria. Após o retorno de consciência, cerca de 11% dos pacientes relatam experiências, alguns deles descrevem com detalhes de tudo que aconteceu enquanto estava “morto” porque manteriam a consciência enquanto no veículo astral, fora do corpo físico, enquanto estariam presente no ambiente ou pairavam sobre o corpo. De acordo com Dr. James E. Whinnery, a experiência de quase morte não permitem a confirmação das projeções que poderiam ser explicadas como um processo neurofisiológico que leva à ilusão da projeção. Entretanto, para Titus Rivas, a EQM não pode ser completamente explicada por causas fisiológicas ou psicológicas, pois a consciência funcionaria indepedentemente da atividade cerebral.

Projeção voluntária: este tipo de experiência poderia ser induzida através de técnicas projetivas, meditação, amparo extrafísico, entre outras técnicas. Segundos os praticantes de Yoga, Teosofia, algumas correntes filosóficas e escolas de estudos do pensamento a "projeção consciente" poderia ocorrer com qualquer pessoa, esteja ela consciente do fato ou não. Isto quer dizer que uma pessoa poderia "projetar sua consciência" sem saber que está realizando esta ação, no entanto, seu subconsciente está plenamente ciente da condição existencial que está sendo vivenciada. Expressões populares como: o pensamento voa, estava pensando tão longe... ou estava tão longe... são extremamente corriqueiras e indicariam claramente a tendência natural em assimilar este tipo de ação mental, comum a todos nós. Segundo alguns praticante de Yoga, o grande problema para as pessoas comuns está em compreender a relação consciência versus tempo e espaço.

Sintomas projetivos

Ballonnement - sensação de abaloamento, flutuação.
Catalepsia projetiva - estado em que a consciência se encontra no corpo, mas sem domínio sobre este; é comum no começo e principalmente no fim da experiência extracorpórea, normalmente durando poucos instantes; estado de paralisia astral passível de ocorrer durante a projeção, normalmente com praticantes iniciantes.
Estado vibracional - sensação de estado vibracional interior.
Oscilação astral - comparado a flutuação física.
Ruídos intracranianos - ruídos naturais que podem ocorrer no momento do deslocamento do psicossoma (ou corpo astral) para fora do corpo físico.

Experimentos

Atualmente a Ciência não possui meios tecnológicos e metodológicos para a comprovação científica da projeção da consciência, por se tratar de um fenômeno empírico, ou seja: que só pode ser conhecido através da experiência do próprio indivíduo. Em Ciência, esse tipo de evidência é denominada evidência anedótica e não tem validade científica.

Várias experiências foram feitas por Charles Tart, entre eles Psychophysiological Study of Out of Body Experiences in a Selected Subject., cujo resultado (segundo o próprio autor) foi de que "não pode ser considerada evidência conclusiva do efeito parapsicológico".

A Experiência fora do corpo - EFC é um estado diferenciado de consciência durante o qual pode-se, momentaneamente, afastar-se do corpo físico, manifestar-se com lucidez usando um outro corpo não físico e retornar-se ao corpo trazendo as lembranças das suas experiências.

As experiências fora do corpo receberam diversas denominações ao longo das últimas décadas:
Estela com o nome de Kaa

Keshara: Termo sânscrito empregado pelos hindus;
Delog: Termo empregado pelos tibetanos;
Desdobramento: Termo oriundo do espiritismo;
Viagem astral: Termo criado pelo pesquisador americano Robert Crookal;
Arrebatamento: Termo empregado em igrejas protestantes;
Projeção da Consciência: Termo técnico usado por pesquisadores e
OBE: Out-of-Body Experience, termo da língua inglesa.

Apesar de só agora a ciência estar admitindo esta realidade, ao longo da história, pessoas individualmente ou em grupos, de uma forma ou de outra, constataram que somos mais do que os sentidos físicos conseguem perceber, o que certamente afetou dramaticamente suas existências. No antigo Egito, por exemplo, acreditava-se que, após a morte do corpo físico, o espírito, livre do corpo, continuava a existir. O espírito livre (ba) era representado na forma de uma ave Jaburu sobrevoando o corpo que morreu (veja a figura apresentada a seguir).

Em experimentos controlados, algumas pessoas foram capazes de induzir a experiência de maneira ponderada, através de visualizações enquanto dispostas em um estado meditativo, descontraído, ou em sonhos-lúcidos. A ciência oficial sabe relativamente pouco sobre o assunto por não ter meios de comprovar as experiências fora do corpo, através de instrumentos de medição ou artifícios tecnológicos. Em recente experimento conduzido por Henrik Ehrsson no Institudo de Neurologia na University College London, com o uso de óculos estereoscópicos 3D, foi possível reproduzir a percepção de experiências fora do corpo nos voluntários do estudo. Os participantes confirmaram que eles experimentaram a sensação de estarem sentados ao lado de seus corpos físicos mediante ilusão ótica. Os estudos de Henrik Ehrsson são amplos acerca de interpretações nas áreas espiritual e de ciência. Na área das ciências, o estudo pode sugerir que há evidência científica de que a sensação de experiência fora-do-corpo possa ser explicada por uma alucinação. Estudos em áreas correlatas indicam que uma das sensações experimentadas por pacientes de quase-morte são as sensações de experiência fora-do-corpo. Nesse sentido as explicações ainda são amplas, podendo ter interpretações espirituais ou científicas.

Trata-se de um conhecimento empírico (que só pode ser conhecido através da experiência do próprio indivíduo) no entanto, no Oriente estes assuntos são praticamente incorporados na educação e mentalidade do povo, sendo que assuntos como a reencarnação e experiências fora do corpo são extremamente normais e corriqueiros.

Sinonímia

Durante os séculos, a projeção da consciência foi recebendo diversos nomes por cientistas, doutrinas orientais e ocidentais, pesquisadores, projetores e outros grupos:

Ao contrário do que pode-se pensar à primeira vista, o fenômeno é vivenciado por muitas pessoas. Uma em cerca de dez pessoas afirmam já ter sentido experiências fora do corpo. No entanto, devido ao medo de ser alvo de apriorismo, chacota ou preconceito alheio, muitas escondem este fato.

A experiência fora do corpo (EFC) é abordada de acordo com o nível de lucidez da consciência que pode variar devido a fatores psicológicos, emocionais, somáticos (orgânicos), dentre outros.

É objeto de estudo da moderna Parapsicologia e da projeciologia, proposta por Waldo Vieira apesar de já ser citada em literaturas seculares no contexto histórico sócio-cultural mundial ainda que em contexto hermético e esotérico em épocas antigas.

Relatos históricos

Na Bíblia, é possível encontrar passagens que poderiam ser interpretadas como saídas do corpo:

* Eclesiastes, Capítulo 12 versículo 6 a 7.
* Coríntios I, Capítulo 15 versículo 35 a 44.
* II Coríntios, Capítulo 12 versículo 2 a 4.
* Ezequiel Capítulo 3 versículo 12 a 14.
* Apocalipse de João, Capítulo 1 versículo 10.
* Reis 2, capítulo 6 versículo 8 a 12.

Notas e Referências

1. ↑ Marnie Chesterton (2005). Out-of-body or all in the mind?. BBC News. Página visitada em 2007-11-02.
2. ↑ Jansen, K The Ketamine Model of the Near Death Experience: A Central Role for the NMDA Receptor[1]
3. ↑ Dr. James E. Whinnery The Trigger of Gravity
4. ↑ Pearson, Helen Electrodes trigger out-of-body experience News@Nature (16 Sep 2002) News
5. ↑ Do ponto de vista da ciência médica, no entanto, a parada cardíaca não implica imediatamente em morte encefálica, do mesmo modo que a ausência de ondas cerebrais também não é suficiente para esse diagnóstico, pois o eletroencefalograma não tem capacidade de detecção para atividade cerebral mínima, que pode estar presente durante as manobras de ressuscitação. Nenhum caso descrito de EQM foi submetido a protocolo de confirmação de morte encefálica.
6. ↑ Parnia S; Waller DG; Yeates R; Fenwick P A qualitative and quantitative study of the incidence, features and aetiology of near death experiences in cardiac arrest survivors. Resuscitation. 2001; 48(2):149-56
7. ↑ Jansen, K The Ketamine Model of the Near Death Experience: A Central Role for the NMDA Receptor [2]
8. ↑ Dr. James E. Whinnery The Trigger of Gravity
9. ↑ Pearson, Helen Electrodes trigger out-of-body experience News@Nature (16 Sep 2002) News
10. ↑ Rivas T. (2003). The Survivalist Interpretation of Recent Studies into the Near-Death Experience. Journal of Religion and Psychical Research, 26, 1, 27-31.
11. ↑ Tart, CT A Psychophysiological Study of Out-of-the-Body Experiences in a Selected Subject. Journal of the American Society for Psychical Research, 1968, vol. 62, no. 1, pp. 3-27 [3]
12. ↑ First Out-of-body Experience Induced In Laboratory Setting. Science News (24 de agosto de 2007). Página visitada em 2007-11-02.
13. ↑ 13,0 13,1 Visores enganam o cérebro e induzem experiência fora do corpo. Folha On-line (23/08/2007 - 17h17). Página visitada em 2007-11-02.

Referências

* Olaf Blanke, Theodor Landis, Laurent Spinelli e Margitta Seeck. Brain Advance Access. (December 8, 2003). Brain - a Journal of Neurology

Bibliografia adicional

* VIEIRA, Waldo."Projeciologia: Panorama das Experiências da Consciência Fora do Corpo Humano"; 900 p.; ilus.; 1986; MD (ISBN 8586019585)
* RANDI, James. Flim-Flam! Psychics, ESP, Unicorns and other Delusions. Prometheus Books, 1982
* Mondini. Fabian. "Atravessando o Portal- técnicas de projeção astral". São Paulo , editora Madras
* Machado. Cesar. Experiências Fora do Corpo - Fundamentos, Brasília, 2008
* Bianca. Maria da Aparecida de Oliveira. As possibilidades do infinito: de um contato do 3. grau a conquista da auto-consciência, "TFCA - Técnica Física para a Conquista da Autoconsciência" São Paulo, Ed. Kópion, 1987
* Bianca. Maria da Aparecida de Oliveira. A vida dentro da vida, "TFCA - Técnica Física para a Conquista da Autoconsciência" São Paulo, Ed. Kópion, 1990
* Bianca. Maria da Aparecida de Oliveira. "A Filosofia da Técnica Física para a Conquista da Autoconsciência: Vivenciação no Mundo Extrafísico (Mundo Espiritual)","TFCA - Técnica Física para a Conquista da Autoconsciência" Brasília, Edição Independente, 2008

O Mundo dos sonhos - Texto Gnóstico

Mais um dos muitos textos bons encontrados no Portal do IVA - viagemastral.com -, ele foi postado por um autor Anônimo, porém parece ter sido tirado de algum livro, assim como o post "Defesa Energética Viagem Astral - Texto Gnóstico". Um texto muito gostoso e simples de ler, retirado do link: http://www.viagemastral.com/informacoes_in.php?subaction=showfull&id=1189748531&archive=&start_from=&ucat=6& . Abaixo está o texto...

Anônimo:O Mundo dos sonhos - Texto Gnóstico
Postado em: 14 Sep 2007

O MUNDO DOS SONHOS

Há uma tendência, bastante generalizada entre os psicanalistas,
de que todo sonho tem origem na infância (ou ligações sexuais,
como acreditava Freud). Outra corrente defende a idéia de que os
sonhos são manifestações noturnas do inconsciente e que, por
isso, são impossíveis de serem controlados.
Em que pese os avanços tecnológicos e das inúmeras pesquisas e
estudos realizados, principalmente nos EUA, acerca do sono e dos
sonhos, o fato é que os psicólogos, cientistas e outros
estudiosos que seguem a metodologia, os conceitos e as bases e
premissas acadêmicas, universalmente aceitas, praticamente nada
sabem acerca dos sonhos e do sono.
No fundo, o que falta aos homens de ciência é um pouco de
humildade e uma visão holística, pois, cada qual possui um
fragmento da verdade. Platão dizia que um homem pode se conhecer
pelos seus sonhos. Freud reconheceu que nos sonhos residem toda
espécie de impulsos, como fome, sede, cobiça, impaciência,
temor, paixão, luxúria, etc.. Bismark, o chanceler de ferro, só
atacou a Aústria depois de ter sonhado sair vencedor. Descartes
formou sua doutrina com elementos decisivos extraídos de seus
sonhos. Niels Bohr construiu sua teoria sobre a nuvem atômica a
partir de uma série de sonhos. José, no antigo Egito, chegou ao
posto de Primeiro Ministro porque soube decifrar o sonho do
faraó. Jesus deixou de ser morto por Herodes porque um Anjo
avisou, em sonhos, a José para fugir da cidade.
- Seriam estes homens sérios o bastante para acreditarmos na
verdade dos sonhos? Teria a Bíblia e outros livros sagrados se
equivocado sobre a credibilidade e validade dos sonhos? Podem os
sonhos serem controlados e dirigidos?
É o que pretendemos abordar e desenvolver neste capítulo.

6.1 - SONHOS E VISÕES

O psicólogo inglês Meyers, no seu livro Personalidade Humana,
narra um caso acontecido com um contabilista. Ele havia cometido
um erro em sua escrita e por mais que se esforçasse não
conseguia localizá-lo. Certa noite, exausto de tanto pesquisar,
adormeceu e em sonhos viu onde estava o erro: mês de setembro,
página tal, linha tal. Maquinalmente, entre acordado e dormindo,
anotou esses dados em uma folha de papel à beira de sua cama. De
manhã, quando se levantou, havia esquecido o sonho, porém a
anotação estava lá. Indo ao trabalho, e conferindo o registro,
percebeu que a anotação estava exata.
Jâmblico no seu De Mysteriis Aegyptorum assegurava que os sonhos
divinos se produzem num estado intermediário entre o sono e o
estado de vigília, durante o qual podemos ouvir vozes e sons.
Entre os muçulmanos existe um rito chamado istiqhâra, no qual um
homem só vai dormir depois de ter rezado uma prece para ter um
sonho capaz de ajudá-lo a resolver um problema. Nos templos
gregos e egípcios antigos existiam locais próprios para as
pessoas dormirem quando necessitavam ter um sonho revelador. O
próprio Jung somente chegou à compreensão da relação existente
entre o consciente e o inconsciente mediante um sonho, conforme
narrado por ele mesmo na sua autobiografia Memórias, Sonhos,
Reflexões.
Incrível é observarmos hoje toda essa herança cultural
desprezada pela ciência. Na realidade, esse desprezo é reflexo
da atitude da igreja que condenou os sonhos e suas práticas como
sendo coisas de hereges, mesmo que o próprio Jesus tenha sido
salvo dos soldados de Herodes por causa de um sonho de José.
Existe uma diferença muito grande entre sonhos e visões. Os
sonhos acontecem quando o corpo dorme e a alma (ou corpo astral)
sai do corpo. As visões acontecem mesmo estando nós em estado de
vigília. As visões são o funcionamento momentâneo da
clarividência. É o tal de sonho acordado. Já os sonhos são a
projeção do corpo astral, que todas as noites se despreende do
corpo físico e, inconscientemente, perambula pelo Plano
Molecular.

6.2 - TIPOS DE SONHO

Existem pelo menos 5 categorias de sonhos: intelectual, motor,
emocional, instintivo e sexual. De um modo geral, todos eles,
independente da sua categoria, acontecem de forma incontrolada
ou inconsciente. Isso é devido ao nosso estado psicológico
atual, de criaturas totalmente adormecidas. Se um homem quiser
"programar" ou controlar à vontade seus sonhos terá que deixar
de agir mecanicamente quando em estado de vigília. Noutras
palavras: quando despertarmos nossa Consciência, deixaremos de
sonhar, porque os sonhos são exclusividade das pessoas
adormecidas. Como 99% das pessoas são inconscientes, o sonho é o
padrão universal e os desdobramentos do corpo astral, a exceção.
No estado atual, de adormecimento e inconsciência coletivas, o
homem praticamente não pode mais ter visões lúcidas e claras,
como acontecia com os antigos sábios e governantes: estes,
inclusive, respeitavam profundamente o dom onírico daqueles que
serviam nas cortes e palácios. De qualquer maneira, o homem
atual ainda sonha. Mas, só para dar uma idéia de como está
atrofiada nossa memória onírica, basta dizer que poucos, de
manhã, lembram o que sonharam durante a noite. E todo mundo tem
sonhos durante a noite, por mais confusos e desconexos que
sejam.
Quem quiser progredir na ciência dos sonhos deve desenvolver sua
memória onírica. Assim, poderá trazer ao consciente tudo aquilo
que presenciou, testemunhou, viu, viveu e experimentou durante o
sono. A técnica de desenvolvimento da memória onírica está no
final deste arcano, nas práticas.

6.3 - O SIMBOLISMO DOS SONHOS

Muita gente ficou rica escrevendo livros de interpretação dos
sonhos. Não queremos entrar no mérito dessa questão. Queremos,
isso sim, porque é nossa obrigação, dizer que não existe uma
fórmula universal de interpretação de sonhos. A linguagem dos
sonhos é muito individual e pessoal. Está intimamente ligada à
história de cada um, o que não invalida o princípio de uma
linguagem universal. Só que essa linguagem universal não está
aberta a qualquer um. É preciso se tornar um Iniciado para
conhecer a Linguagem de Ouro, a Linguagem dos Deuses.
A principal ferramenta de trabalho para aquele que quer
trabalhar com o simbolismo dos sonhos é a intuição. Deve
trabalhar intensamente sobre esta faculdade. A intuição sempre
age aliada à cultura. Contudo, alguma coisa podemos fazer em
favor dos nossos estudantes. Os principais meios de apoio para
todo aquele que quiser conhecer profundamente as revelações
contidas nos sonhos estão no tarô (especialmente o tarô
egípcio), na cabala, nas analogias filosóficas, nas analogias
dos contrários, na numerologia, nos símbolos universais, nos
livros sagrados,etc..

6.4 - SONO, MEDITAÇÃO E SONHOS

Existe uma profunda ligação entre o sono, a meditação e os
sonhos. O estudante que quiser progredir na ciência da meditação
deve aprender a provocar e controlar o sono. Meditação sem sono
prejudica o cérebro e não traz resultados. Quando o estudante
começa a meditar de forma correta, numa primeira etapa
experimenta as realidades ocultas na forma de sonhos. Vêm-lhe à
mente muitas imagens confusas, enigmáticas e profundamente
simbólicas. Despreparado, não consegue entender. Mas, se for
persistente, começará a compreender o que eles (os símbolos)
significam em sua vida interior e que papel representam.
Numa segunda etapa, o estudante deixará de sonhar. Se dará conta
que está fora do corpo físico e então começará a exercer domínio
sobre o processo. Quando uma pessoa se dá conta que está no
mundo dos sonhos, pode conduzir a experiência. Isso representa
um gigantesco passo dado rumo ao despertar da consciência. Muito
mais tarde, no tempo, o estudante que persistir em sua
disciplina dos sonhos e da meditação, acordará ou andará
totalmente desperto nas dimensões sutis da natureza, podendo ali
penetrar ou delas sair à vontade.
A meditação é fundamental para o desenvolvimento dos chakras.
Quanto mais se meditar, quanto mais profunda for a meditação,
mais elevados serão os planos de consciência que se atingirá.
Dia virá em que o estudante obterá o êxtase, o samadhi, o
satori, o desprendimento total da alma ou da consciência de
todas as amarras da matéria física, emocional e mental. Então,
como São Tomás de Aquino, poderá dizer: "Tudo que antes havia
lido, tudo que sabia através dos outros não passava de água de
rosas...".

6.5 - SONHOS PROGRAMADOS

Antes de tudo, mais uma vez, queremos enfatizar uma idéia
simples: "Quem aprender a projetar conscientemente seu corpo
astral deixará de sonhar". Sonhar é viver de forma inconsciente.
Despertar equivale, portanto, a deixar de sonhar, neste plano
físico e, também, nos planos superiores. O Mestre Samael é
enfático quanto a esse ponto: "Quem desperta aqui, desperta em
todos os planos da natureza".
Em todo esse processo de lembrar de sonhos, dar-se conta que
está sonhando e despertar a consciência quando está fora do
corpo, existem graus e etapas a serem cumpridas e vencidas.
Afinal, conduzir e governar o processo dos sonhos é uma das
maiores aspirações de muitos estudantes. A melhor fórmula que
conhecemos para vencer todas essas etapas é "despertar
consciência", como já temos destacado anteriormente.
O grande fator que nos impede de recordar os sonhos, além da
memória atrofiada, e da nossa inconsciência, é a incrível
mecanicidade com que conduzimos nossa vida e realizamos as
tarefas diárias. Assim, à noite, enquanto nosso corpo físico
descansa, continuamos, a agir da mesma forma mecânica que agimos
durante o dia nas regiões do subconsciente. Ou seja, não nos
damos conta que nos desvestimos do corpo físico.

IVA - Instituto Viagem Astral

Esse post é mais do que merecido ao Saulo Calderon pelo seu incrível trabalho ao criar e manter o IVA (Instituto Viagem Astral), vocês podem acessar pelo viagemastral.com.
Bom eu conheci o IVA a mais de um ano, no início das minhas buscas. Eu tava tendo experiências durante o sono, tava procurando algo a respeito para tentar explicar o que eu tinha, desde aquele tempo pra cá eu conhecí vários portais que me auxiliaram muito, e continuam me auxiliando, na minha busca pelo saber.
O IVA é fantástico, muito simples e direcionado exatamente para aqueles que não tem noção nenhuma de Viagem Astral, lá tem vários textos, vídeos e o Saulo Calderon também gravou e continua granvando muito conteúdo bom em audio, entre os audios eu dou um destaque maior ao Curso de Viagem Astral e o Curso Intermediário de Viagem Astral. É muito interessante, leia e ouça com o coração aberto, não tem problema nenhum em aprender e experimentar coisas novas. Faça que nem eu fiz, experimente, quem sabe você não descobre um lado SEU que até então você não sabia.
Tem também o Forum do IVA que é muito interessante, lá você encontra muita gente com bastante conhecimento e o coração aberto para compartilhar um pouquinho do que aprendeu com os outros.
Esse é a minha sujestão desse post, é claro que um projeto tão importante para mim que eu passei um bom tempo por lá lendo os textos e ouvindo os audios, eu já ouvi todos os audios e costumo praticar a Técnica projetiva Completa e a Técnica projetiva Completa 2, achei elas muito interessantes pois agrupam muitas tecnicas em um único audio, com muisicas relaxantes perfeitas para se meditar. Dê uma passadinha por lá também: viagemastral.com e vá com carinho passeando pelo menu, é um Portal bonito e aconchegante.

Muita luz e paz para todos.

Defesa Energética Viagem Astral - Texto Gnóstico

Bom, como eu estou iniciando os estudos para descobrir um pouco mais sobre os sonhos e viagem astral, eu tenho a alegria de postar aqui no blog tudo que eu achar de interessante poraí pela internet. Faz mais de 1 ano que eu acompanho o trabalho de uma incrível pessoa chamada Saulo Calderon que criou o IVA (Institudo Viagem Astral: viagemastral.com), ele faz um trabalho muito bom com aulas em áudio, forum, e muitos textos. Vou fazer um post de apresentação do IVA mais tarde, mas nesse post eu vou colocar um texto muito interessante que eu achei lá, de post anônimo, está no endereço http://www.viagemastral.com/informacoes_in.php?subaction=showfull&id=1189747757&archive=&start_from=&ucat=6& . Eu vou falar muito de vários sites e blogs que eu achei na internet, mas eu posso dar o seguinte conselho; não se prendam a nada, seja pesquisador também, é muito fácil, vai lá no google ou na yahoo e coloca lá qualquer coisa como "Sonhos Lúcidos", "Yoga dos Sonhos", "Viagem Astral" ou até "Projeção Astral". Pesquisem, leiam e se divirtam.
Aí vai o texto para vocês...


Anônimo: Defesa Energética Viagem Astral - Texto Gnóstico
Postado em: 14 Sep 2007

No dia 21 de setembro de 1774 o fundador da Ordem Redentorista, padre Afonso Ligório, estava se preparando para celebrar a missa na cidade italiana de Arezzo, quando um fenômeno extraordinário lhe aconteceu.

Entrou numa espécie de transe por quase duas horas e ao voltar a si contou que havia assistido à morte do papa Clemente XIV, em Roma.

Quatro dias depois chegou a Arezzo a notícia de que o papa falecera. O mais incrível é que vários curas, que estiveram ao lado do papa, durante seus derradeiros instantes, juravam ter visto o padre Afonso e com ele conversado. Este, inclusive, havia dirigido orações pelo agonizante. Os contemporâneos do padre Afonso, como ainda hoje fazem muitos cientistas, preferiram a explicação da coincidência. Fenômenos como este acontecem aos milhares em todo o mundo todos os dias. Explicá-los e ensinar como se pode dirigi-los à vontade é o propósito deste capítulo.


7.1 - EXPERIÊNCIAS AMERICANAS

Em 1968 o jornal da Sociedade para Pesquisa Psíquica publicou uma reportagem feita por Célia Green na Universidade de Southampton. Ela perguntou a centenas de estudantes se já tinham tido alguma experiência em que estivessem se sentindo "fora do corpo". Um em cada 5 estudantes (20%) respondeu positivamente. Um ano depois, a mesma pergunta foi feita a 380 estudantes da Universidade Oxford. Desses, 33% respondeu que sim. A maioria dos estudantes entretanto conseguia se lembrar de uma experiência. A minoria (20%) lembrava-se de até 6 ou mais. Alguns responderam poder induzir o estado de "sair do corpo" voluntariamente ou, pelo menos, ter algum controle sobre o processo, sendo que a hora mais comum para esse tipo de "saída" sempre fôra ou ao dormir ou ao acordar. Após a publicação dessa reportagem muitos casos vieram à público. O mais famoso deles é o de Robert Monroe, publicado em 1971, em Nova Iorque, em forma de livro (Journeys out of the body).


7.2 - UM CASO CIENTÍFICO

Até onde possuímos informações queremos crer que a primeira vez que o assunto "viagens fora do corpo" foi tratado ou abordado no meio científico aconteceu em 1927. Nesse ano, sir Aukland Gedds descreveu um episódio acontecido com ele próprio à Real Sociedade de Medicina de Londres. Resumo do episódio: certa noite Geddes sofreu um ataque, tendo como causa provável intoxicação alimentar. O mal foi tão agudo, e repentino, que nem teve tempo de telefonar pedindo socorro médico. Prostrado em seu leito não perdeu a lucidez, mas, aos poucos, percebeu que nele coexistiam duas formas de consciência. Uma ele denominou A e identificou como sendo a mente. A outra, que chamou B, pertencia ao corpo. Como sua condição física piorasse, a consciência B começou a se desintegrar, "parecendo estar fora do corpo". "Gradualmente, descreve Geddes, percebi que podia ver não apenas meu corpo e a cama onde estava, mas a casa inteira, o jardim e todas as coisas em Londres e na Escócia. Vi, depois, que alguém entrava em minha casa, correndo ao telefone quando me viu deitado, chamando um médico. Quando este chegou, aplicando uma injeção, senti que voltava ao corpo à medida em que o ritmo do coração aumentava".


7.3 - IMPLICAÇÕES DA VIAGEM ASTRAL

Se a Física admitisse hoje, oficialmente, a viagem astral, isso implicaria numa completa e total revisão das teorias existentes sobre matéria e espaço. Do lado religioso, especialmente da parte das crenças dogmáticas, isso implicaria na admissão da realidade da reencarnação. Também o conceito de algumas correntes parapsicológicas de que só os mortos aparecem teria que ser revisto. Com esses três exemplos bem pode aquilatar nosso estudante o enorme jogo de interesses que há por trás do fato de se negar sistematicamente uma realidade que é conhecida e encarada com a mais absoluta naturalidade por inúmeros povos, da antiguidade e de nossos dias. Estamos convencidos de que negar, hoje, a viagem astral, é como tapar o sol com a peneira. Mas não é só o fato de negar que atrasa a vida humana. Pior que isso é atemorizar as pessoas com idéias e conceitos totalmente fora da realidade, como fazem alguns interessados em manter as pessoas na ignorância. Dizer, por exemplo, que sair do corpo conscientemente é perigoso, é uma dessas formas de amedrontamento. Afirmar que o corpo físico pode ser tomado por alguma criatura elementária é outra balela que se espalhou por aí sem que se procurasse investigar o que de fato acontece.

Se você, caro estudante gnóstico, quer conhecer os mistérios do universo, suas vidas passadas e o seu próprio futuro, deve arrancar de sua mente todo e qualquer conceito dessa natureza e aprender, resolutamente, a sair conscientemente do seu corpo físico. A partir do momento que você tiver pleno domínio sobre o processo de deslocamento sem o corpo, então poderá estudar aos pés dos veneráveis instrutores dos povos da antiguidade, como da Atlântida, do Egito, da Grécia, da Índia e de tantos outros. Enquanto você não aprender a buscar e fazer o conhecimento por si mesmo sempre estará sujeito ao erro e às limitações naturais das pessoas de carne e osso.


7.4 - DIFICULDADES DE SAIR EM ASTRAL

Duas são as causas fundamentais de muitas pessoas encontrarem dificuldade em sair conscientemente em astral. Uma delas já abordamos: é devido ao atrofiamento do Chakra do Coração. A outra é o fato de não possuirmos um legítimo corpo astral.

Para resolver o primeiro caso, temos que meditar diariamente sobre o nosso cárdias até recuperarmos seus poderes vitais e astrais. Foi-nos ensinado que despertando a mística esse processo se torna bem mais simples. No segundo caso, a disciplina é muito mais rigorosa e demorada. Fabricar um corpo astral legítimo, resplandescente, de carne e osso astrais, é trabalho alquímico de avançadíssimo grau, o qual será tratado mais adiante neste curso. Porém, mesmo não possuindo um corpo astral legítimo, como o de um Mestre de Mistérios Maiores, é possível conseguir muitos resultados concretos e positivos. Assim, uma única coisa é pedida ao estudante: trabalho.

Poderíamos ainda colocar uma outra questão que atrapalha bastante o sucesso imediato do desdobramento consciente: o medo. Ensinam os mestres que, para se sair em astral é preciso acabar com os processos mentais e liquidar com o medo. A meditação é, justamente, o melhor processo para se obter concentração e e, gradativamente, acabar com a tagarelice mental. A meditação também gera uma força capaz de se contrapor à do medo.

ESCLARECIMENTO: Quando mencionamos aqui "sair em astral consciente" queremos dizer que é o ego que sai do corpo deslocando-se pela região do Limbo. "Sair em Astral Verdadeiro", repetimos, é só para quem já tem Corpo Astral. Além do mais, Limbo é diferente de Astral. Assim, seria mais exato dizer "projetar o ego consciente pela região do Limbo". Viagem astral verdadeira é só para os Mestres de Terceira Iniciação Maior. Mas, aqui usamos essa expressão da forma como todos conhecem, mas sabendo que ela não expressa a realidade.


7.5 - EPISÓDIO COM ELIFAS LEVI

O maior presente que um mestre pode dar a um discípulo em matéria de viagem astral seria uma chave capaz de instantaneamente nos colocar fora do corpo físico. Pensando assim, certa ocasião, Samael Aun Weor procurou Elifas Levi (em corpo astral, obviamente). Vamos expor o episódio em forma de narração com as próprias palavras de Samael, conforme está em seu livro Mistério do Áureo Florescer: "Uma noite qualquer, fora da forma densa, andei por aí, invocando a alma daquele que em vida se chamou Elifas Levi. É claro que o encontrei num salão de um antigo palácio (na Europa). Com muita cortesia levantou-se da cadeira, onde estava sentado, trabalhando, e veio me atender.

- Venho pedir-lhe um favor. Gostaria que me desse uma chave para sair instantaneamente em corpo astral toda vez que necessitar, disse.
- Com muito prazer, respondeu Elifas. Porém, antes gostaria que me trouxesse, amanhã, resolvida a seguinte lição: o que é que existe de mais monstruoso sobre a face da terra?

Encurtando um pouco a narração, Samael não conseguiu resolver a questão da maior monstruosidade no dia seguinte. Levou alguns dias, tendo resolvido o problema pela analogia dos contrários. "Se o amor é o mais sublime dos sentimentos", pensou, "logo, o mais monstruoso.." .

Resolvida a questão, restava retornar à presença de Elifas Levi, o que foi feito à noite. "Projetar o corpo astral foi questão de rotina", escreve o mestre. "Se buscava uma chave instantânea de se conseguir o desdobramento não era tanto por mim, que nasci com esta faculdade, mas sim para muits outras pessoas que anelam o desdobramento consciente e positivo.

"Viajando com o corpo astral andei por diversos países europeus procurando o abade. Num dado momento senti um chamado telapático e penetrei numa luxuosa mansão. Ali estava o abade, Mas,... que surpresa! Que coisa inusitada! Elifas Levi em forma de criança?! e deitado num berço?!"
"De qualquer modo, respeitosamente me aproximei da criança dizendo: Mestre, trago a resposta à lição que me pediste. A coisa mais monstruosa que existe na terra é o ódio. Agora, cumpre tua promessa. Dê-me a chave para o desdobramento instantâneo..."
"Porém, por mais que insistisse não consegui nenhuma resposta do pequenino. Assombrado e confuso não conseguia entender, na hora, que o silêncio é a eloquência da sabedoria. Confesso que saí daquele lugar, depois de muito insistir, sentindo-me enganado. Passaram-se os dias, os meses e os anos e ainda continuava sentindo-me enganado pelo mestre. Porém, um dia veio a luz do entendimento. Ah! entendo! É urgente e inadiável reconquistar a infância da mente e do coração, disse para mim mesmo".

De fato, caro amigo estudante, a mente é o maior empecilho no desdobramento. O próprio estudante logo comprovará isso por si só. Sempre que um mestre dá uma técnica de desdobramento, a mente reage com ceticismo, dúvida, falta de confiança, sarcasmo, etc.. O resultado disso é o fracasso no trabalho. Por outro lado, aqueles que tiverem a pureza, a inocência, a docilidade e a obediência das crianças, fazendo exatamente o que é pedido, logo triunfam.


7.6 - YOGA DOS SONHOS

Até agora nos limitamos a discorrer sobre as maravilhas da experiência direta, do êxtase, da viagem astral. Agora é chegado o momento de dizer, em forma prática e direta, o que fazer para conseguir tudo isso. Todo estudante gnóstico deve aprender a ser exigente consigo mesmo e criar condições favoráveis para a recordação e compreensão das experiências íntimas, acontecidas durante o sono. Assim, à noite, no momento de se deitar, deve o estudante colocar especial atenção ao seu estado psicológico. Todos os estudantes que, por motivos profissionais ou outros levam uma vida sedentária, ganham muito se, antes de dormir, fizerem um pequeno passeio ao ar livre e em passo ligeiro. A finalidade dessa caminhada é relaxar os músculos.Outra providência para aqueles que anelam experiências astrais é fazer a última refeição de forma leve, ou seja, não ingerir nada pesado de difícil digestão e nem ingerir estimulantes. A atitude mental de quem se propõe a seguir tal disciplina é a de que "a forma mais nobre de pensar é não pensar".

Quando a mente está livre de suas tarefas diárias, quando ela está calma e receptiva, então tudo favorece o desdobramento. A música costuma ser um auxiliar muito importante para o desdobramento. As sinfonias de Bethoven são excelentes para fazer vibrar os centros superiores do homem. Também as músicas de Wagner, Chopin e Mozart entre outros, produzem elevados sentimentos de devoção.

Outro cuidado altamente recomendável diz respeito ao quarto de dormir. Este deve ser decorado de modo agradável. A cor azul é a mais recomendada por sua tonalidade repousante. O quarto de dormir, desnecessário dizer, deve sempre estar muito limpo, perfumado e ventilado.

A cama deveria (deve) estar sempre voltadda para o norte magnético; quer dizer, devemos sempre dormir com os pés voltados para a direção sul. O colchão não precisa ser duro como o chão de madeira ou concreto, mas também não deve ser excessivamente macio.Os colchões ortopédicos são os mais aconselhados. As roupas de dormir (pijama, lençóis, cobertas) devem sempre estar em boa ordem, limpas e perfumadas com a fragrância preferida. A última providência para aqueles que querem levar seriamente a disciplina do yoga do sonho: ter debaixo do travesseiro um caderno de anotações e um lápis (ou caneta).


7.7 - MORFEU: O DEUS DOS SONHOS

Tomadas todas as providências anteriores, sem haver esquecido do banho obviamente, deve o estudante deitar-se no seu leito. Se for verão, pode dispensar o uso de cobertas, mas se for no inverno (do sul) não há inconveniente que se cubra com um cobertor ou qualquer coberta. A posição para a prática do yoga do sonho é sempre de decúbito dorsal (boca para cima) com os olhos fechados e as mãos - direita sobre esquerda - naturalmente colocadas sobre o plexo solar. Relaxado todo o corpo físico, mantendo permanentemente a imobilidade deve o estudante invocar o Deus Morfeu.

Morfeu é uma das partes do nosso próprio Ser interno. Devemos, portanto, concentrar nossa mente em Morfeu, que está encarregado de nos educar nos mistérios dos sonhos. Quando nos concentramos em Morfeu este se alegra com a oportunidade que lhe oferecemos em servir-nos. Como dissemos ao longo deste arcano, é preciso ter fé, confiança e saber orar. Devemos pedir a Morfeu que nos ensine e nos desperte (a consciência) nos mundos interiores (atômicos). Quando sentir uma sonolência muito grande apoderar-se de você, deite-se do lado direito. Não há nenhum inconveniente em se encolher as pernas e colocar sua mão direita debaixo do rosto. Se preferir continuar em decúbito dorsal, pode continuar. Ao despertar do sono, mantenha-se imóvel. Sempre que o corpo se mexe na cama, agitamos os valores (nossa estrutura sutil) e perdemos a recordação. Aqui, antes de se mexer, deve-se fazer um exercício retrospectivo e anotar cuidadosamente todos os sonhos no caderno debaixo do travesseiro. Se assim proceder, logo terá um vasto e precioso material de sua disciplina interna.

Deve-se anotar tudo, mesmo fragmentos de sonho. Um dia se descobre seu significado. Quando despertar sem nenhuma recordação deve-se começar o exercício de recordação a partir do último pensamento. Insistimos que o exercício de recordação deve ser feito antes mesmo de se recobrar a consciência de vigília, pois esse estado especial, entre dormindo e acordado, é que é o ideal para se recordar de tudo o que aconteceu durante a noite.


7.8 - O INICIADOR DO SONHO

Mensalmente deve-se repassar o caderno de anotações. Qualquer possibilidade de esquecimento de um sonho deve ser eliminada. O estudante não deve passar às práticas seguintes enquanto não houver alcançado perfeita memória onírica. Nos sonhos torna-se especialmente interessantes os dramas que parecem sair de outro século ou que acontecem num ambiente que nada tem a ver com o atual.Nessa disciplina é extremamente importante cuidar dos detalhes que incluam questões específicas, como reuniões, atividades inusitadas, conversas, templos ou casas antigas ou diferentes. Quando o estudante tiver bem desenvolvida sua memória onírica, então o processo de simbolismos abrirá caminho à revelação. A ciência básica de interpretação de sonhos, devemos, como se disse, buscar nas analogias filosóficas, nas analogias dos contrários, na lei das correspondências matemáticas, na numerologia, etc..

As imagens astrais refletidas no espelho mágico da imaginação jamais devem ser entendidas literalmente, pois são apenas representações simbólicas das idéias arquetípicas. Elas devem ser usadas de modo analógo ao que faz o matemático com os símbolos algébricos. Não é exagero dizer que estes símbolos são provenientes do mundo do espírito puro (o plano dos arquétipos, como dizia Platão).Lógicamente que as idéias provenientes do mundo do Ser são verdadeiros achados sobre nosso estado psicológico interior e profundo. Esses símbolos muitas vezes nos advertem de certos perigos; outras vezes nos assinalam êxito em determinada iniciativa. Desvendar seguramente o conteúdo dessas mensagens só é possível com intuição ou com a meditação lógica e confrontativa do ser.


7.9 - ASSISTIR O PRÓPRIO SONHO

Após o estudante gnóstico ter realizado com pleno êxito as práticas da disciplina do yoga dos sonhos é mais que natural que esteja intimamente preparado para a prática do retorno. Mas, o que vem a ser "a prática do retorno"? No item anterior dissemos que o elemento iniciador surge dentro dos próprios sonhos. As pessoas sensíveis, psíquicas ou impressionáveis são assim porque possuem em si mesmas o elemento iniciador. Essas pessoas tem como característica fundamental a repetição contínua de um mesmo sonho; os sensíveis revivem periodicamente esta ou aquela cena, ou então, essas cenas, símbolos ou criaturas surgem sistematicamente em seus sonhos.

Assim, toda vez que esse elemento iniciador, essa cena, essa pessoa, essa lembrança ou seja lá o que for aparecer no sonho, tão logo o estudante se acorde, ainda com os olhos fechados, deve continuar visualizando a imagem chave que lhe é familiar, e a partir daí, retornar ao sonho de forma consciente. Isso significa que o estudante continua com o seu sonho de forma totalmente lúcida, consciente e controlada, convertendo-se em espectador, e ao mesmo tempo ator, do seu sonho, com a vantagem, nada desprezível, de poder abandonar o seu sonho e vagar pelo plano astral de forma consciente. Uma vez livre das amarras do mundo de três dimensões poderá penetrar em universos regidos por outras leis e conduzido por outras civilizações. Essa disciplina que acabamos de expor pertence ao buddhismo tântrico, e tem a vantagem de, por acréscimo, conduzir o estudante ao despertar da consciência. Nós só despertaremos a consciência à medida que formos compreendendo e desintegrando nossos sonhos (maya).

Quando o estudante deixar de sonhar, então estará apto a investigar na Luz Astral a história do universo e de todas as suas vidas. Todavia, enquanto o estudante não dissolver seus sonhos tornando-se desperto, é mais que difícil obter grandes êxitos nesse caminho tântrico. As sagradas escrituras orientais dizem que o mundo inteiro é um sonho de Brahman, de onde é possível concluir: quando Brahman despertar o sonho terminará.


7.10 - COMO CONDUZIR OS SONHOS

Prevenindo qualquer dificuldade de entendimento quanto ao que acabamos de expor, vamos em seguida apresentar mais alguns elementos sobre como conduzir os próprios sonhos. Resumindo: quando o estudante se dedica a estudar seus sonhos, notará que existe um ou alguns elementos que se tornam comuns. Ou, então, haverá um sonho em particular que se destaca dos demais. Muito bem ! O segredo de conduzir os sonhos, e em seguida deixar de sonhar e passar a agir conscientemente em corpo astral, consiste em, toda a noite, ou sempre que fizer uma prática de desdobramento, se concentrar nesse elemento iniciador (ou sonho que lhe chamou mais atenção). Assim procedendo torna-se mais fácil para o estudante saber que está sonhando, e todo aquele que se dá conta que está sonhando, acorda; acordando, saberá que está fora do corpo físico, podendo se deslocar para onde quiser. Repetir intencionalmente um sonho é o primeiro passo para o despertar da consciência; separar-se dos sonhos à vontade no momento mesmo em que se está sonhando é o segundo passo. Dizem os místicos sábios do Oriente que todo estudante que prosseguir nesta disciplina logrará alcançar as 4 bem-aventuranças: (1) a luz da revelação; (2) a luz do aumento; (3) a realização imediata e (4) a iluminação interior e profunda (samadhi).

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sonhos lúcidos: o surgimento da lucidez onírica e o seu estudo

Lucid dreams: the oneiric lucidity arising and it´s study

Cleber Monteiro Muniz "

Resumo

Os objetivos deste artigo são estudar a alteração da consciência que origina o sonho lúcido, uma modalidade de sonho na qual o ego onírico compreende que está sonhando e que seu corpo está adormecido, e analisar os motivos e as formas de se estudar o processo de transição do estado usual de consciência onírica para o estado não usual de lucidez. Sob este ponto de vista, avaliou-se as modificações psíquicas e cognitivas, que involvem mecanismos mnemônicos e perceptuais internos, presentes durante o estado de lucidez no sonho. © Ciências & Cognição 2005; Vol. 05: 50-66.

Palavras-chave: sonhos lúcidos; consciência; cognição; psicologia.

Abstract

The aim of this article are to study the alteration of the consciousness that originates the lucid dream, a modality of dream, in which the oneiric ego understands that it is dreaming and that its physical body is sleeping, and to analyze the reasons and the conditions to study the transition process from the usual state of oneiric consciousness to the non usual state of lucidity. In this way, it was evaluated the psychic and cognitive modifications, that involves mnemonic and internal perceptuals mechanisms, presents during the dream lucidity state. © Ciências & Cognição 2005; Vol. 05: 50-66.

Key words: lucid dream; consciousness; cognition; psychology.

O presente artigo tem como tema o estudo da contemplação consciente do sonho durante seu processamento, isto é, uma mudança no funcionamento da consciência durante um tipo especial de sonho, denominado sonho lúcido . Além disso, objetiva-se compreender o processo subjetivo inerente à atribuição de significado às cenas imaginais durante o surgimento do estado onírico consciente e as formas de se estudá-lo, partindo do pressuposto provisório de que a perspectiva fenomenológica qualitativa é adequada. Esta é apropriada ao estudo de fenômenos singulares que apresentem certo grau de ambiguidade e se preocupa com os significados que as pessoas dão às coisas (Neves, 1996).

O objeto desta reflexão é o surgimento e o estudo da lucidez onírica, ou seja, o processo de instalação do discernimento de que se sonha ou ainda, em outras palavras, o modo específico de alteração no funcionamento da consciência durante o sonho no que concerne à percepção da própria oniricidade. Interessa-nos contribuir para aprofundar a compreensão sobre o processo cognitivo ou, se o preferirmos, metacognitivo que se encontra na transição do estado de consciência onírica (Leite, 1997) usual para o estado inusual de lucidez, durante o qual o sonhador, com pleno conhecimento de que está sonhando, é capaz de raciocinar com clareza, agir refletidamente e de acordo com planos decididos antes de adormecer (LaBerge, 2000).

1. Definições de consciência e de sonho lúcido

O mundo perceptual imediato está incluído entre os conteúdos da consciência (Baars, 1997) e, quando o sonhador está lúcido, contém a oniricidade detectada pelo ego onírico. Esta modalidade de experiência onírica é uma experiência psicológica na qual o sonhador atua conscientemente, sabendo que está adormecido enquanto sonha (Eeden, 1913, s/d; LaBerge, 1980; LaBerge, 1990; Gackenbach,1988; Harary e Weintraub, 1993; Lucidity Institute, 1996, LaBerge e Gackenbach, 2001) e que seu corpo permanece no leito. É um sonho em que a realidade interior não é confundida com a realidade exterior pois o ego onírico compreende o que está acontecendo, tal como vemos nas definições a seguir:

"Dreams in which the dreamer becomes aware of dreaming while continuing to dream are known as 'lucid dreams' " (Kahan e LaBerge, 1994: 251)

“Sonho lúcido é aquele no qual você está conscientemente informado do fato de que está sonhando” (Harary e Weintraub, 1993: 35)

“A definição básica do sonho lúcido não requer nada mais do que tornar-se consciente de que você está sonhando.” (Lucidity Institute, 1996: s/p)

“Sonhar lúcido é sonhar enquanto você sabe que está sonhando.(..) Normalmente, a lucidez começa no meio de um sonho, quando o sonhador percebe que o que está sendo vivido não ocorre na realidade física; é um sonho” (Lucidity Institute, 1996: s/p).

A expressão “sonho lúcido” foi cunhada por Frederik Willems van Eeden (1913/s/d) no início do século XX para designar esta modalidade de sonho, considerada por ele como a mais importante entre as que pesquisou para a Society for Psychical Research . Posteriormente foi cunhado o termo "onironauta” por Stephen LaBerge na Universidade de Stanford (LaBerge, 1990). A palavra "lucidez" é utilizada num sentido psiquiátrico, em oposição à idéia de delírio (LaBerge e Gackenbach, 2001).

A consciência simples, sem outros elementos adicionais, pode dar acesso a um reconhecimento acurado das coisas (Baars, 1997), entre as quais a qualidade onírica daquilo que se percebe. No sonho lúcido, o sonhador está consciente de que sonha enquanto o sonho se processa, podendo raciocinar claramente, recordar-se de sua vida vígil, agir reflexivamente, cumprir metas previamente estabelecidas, lembrar-se de instruções obtidas antes do sono, realizar experimentos e marcar momentos e eventos específicos do sonho por meio de sinalizações oculares (LaBerge, 2000). Verifica-se, portanto, um modo específico de funcionamento da consciência, a qual neste trabalho deve ser entendida como segue:

“Consciousness can be defined as the pattern of perception, cognition, and emotion characterizing an organism at any given point in time” (Krippner, s/d: s/p).

Alguns cientistas, entretanto, consideram que o discernimento de que se está sonhando não é suficiente para que um sonho seja considerado lúcido e que é necessário ultrapassarmos esta simples noção (LaBerge e Gackenbach, 2001; Tart, s/d), conferindo tal denominação apenas aos sonhos em que o sonhador apresenta controle consciente dos conteúdos imaginais (LaBerge e Gackenbach, 2001).

Em ciência, podemos apenas dar os passos que o conhecimento corrente permite, sem nunca conhecer o último porvir da jornada (Baars, 1997) e ainda não há consenso científico a respeito da essência da natureza dos sonhos em que a consciência apresenta o discernimento de estar em estado extra-vígil. Alguns modos sob os quais se apresentam adentram ao campo místico e estão fora do alcance de nossa visão científica atual (Kelzer, s/d). Sabe-se, entretanto, que podem quebrar as bases de nossas estruturas de realidade e levar à transcendência de todas as experiências formais (Kelzer, s/d). São fatos que ainda dificultam o estabelecimento de uma definição.

2. A lucidez e a falta de lucidez nos sonhos

Muitas vezes, durante o sono, o sonhador não se questiona a respeito da realidade que está vivenciando e não se dá conta, naqueles exatos momentos em que seu corpo está adormecido, de que está sonhando (LaBerge, 1980; LaBerge e Gackenbach, 2001; LaBerge, 2000; LaBerge, 1998). Em tais casos, o ego onírico não compreende que está em contato com imagens internas e tende, muitas vezes, a reagir ante as cenas que presencia como se estas fossem fisicamente reais e não pertencentes a um mundo imaginal desprovido de caráter físico (LaBerge, 1980; LaBerge e Gackenbach, 2001). Um indicador disso é a indiferença que apresentamos à subversão dos princípios lógicos que regem a realidade vígil por certas combinações tipicamente oníricas de acontecimentos (LaBerge, 1980). Nos sonhos há acontecimentos que ultrapassam o limite do possível para o mundo tridimensional: cavalos falantes, cadáveres que gritam etc. Não obstante, ficamos, muitas vezes, indiferentes ao fato de que tais acontecimentos são impossíveis para o mundo da vigília e não nos damos conta do teor fantástico que apresentam (LaBerge, 1980; LaBerge e Gackenbach, 2001; LaBerge, 2000; LaBerge, 1998) pois, em geral, não reagimos com estranheza ao caráter pouco usual de algumas cenas oníricas. As imagens representadas em alguns quadros surrealistas não são por certo muito comuns neste mundo... assim como cachorros falantes e esqueletos que tocam violino. Mas no mundo dos sonhos tudo é possível e aquilo que em vigília seriam acontecimentos impossíveis, absurdos e ilógicos, na dimensão imaginal onírica são indicadores de que o ego viaja por uma dimensão existencial fantástica. Mesmo assim, quase nunca nos damos conta da natureza onírica de uma cena “absurda” quando a estamos experienciando (LaBerge, 1980; LaBerge e Gackenbach, 2001; LaBerge, 2000; LaBerge, 1998), a despeito do fato de que o inconsciente nos envia sinais indicadores disso (Jung, 1963, s/d).

Não usualmente, entretanto, verifica-se um estado alterado no qual o sonhador compreende que está sonhando e em contato com imagens fantásticas (Eeden, 1913, s/d; LaBerge, 1980; LaBerge, 1990; Gackenbach, 1988; Harary e Weintraub, 1993; Lucidity Institute, 1996, LaBerge e Gackenbach, 2001; LaBerge, 2000; LaBerge, 1998), tal como comprovou Jung (1963, s/d) em um sonho com sua esposa falecida:

"(...) tive ainda uma vez a ocasião de viver esta objetividade: foi depois da morte de minha mulher. Ela me apareceu em sonho como se fosse uma visão. Postara-se a alguma distância e me olhava de frente. Estava na flor da idade, tinha cerca de trinta anos e trajava o vestido que minha prima, a médium, lhe fizera, talvez o mais belo que jamais usara. Seu rosto não estava alegre e nem triste, mas expressava conhecimento e saber objetivos, sem a menor reação sentimental, além da perturbação dos afetos. Sabia que não era ela mas uma imagem composta ou provocada por ela em minha intenção . Nessa imagem estava contido o início de nossas relações, os acontecimentos de nossos trinta e cinco anos de casamento e também o fim de sua vida. Diante de tal totalidade permanecemos mudos pois dificilmente podemos concebê-la. A objetividade vivida nesse sonho (...) pertence à individuação que se cumpriu" (:258, grifo do autor) .

Provavelmente, Jung se tornou lúcido por perceber a incoerência da imagem onírica: sua esposa falecida o olhava de frente. Isto é uma anomalia, um erro do ponto de vista lógico e, levando em conta que a detecção de erros é uma das funções da consciência (Baars, 1997), pode ter sido o traço indicador de oniricidade. Normalmente, o processo de detecção de erros e incoerências não é em si consciente, parecendo ser monitorado por sistemas inconscientes que agem interrompendo o fluxo da consciência quando erros são detectados (Baars, 1997). Raramente o conhecimento do que faz um erro ser um erro é consciente (Baars, 1997), ou seja, em geral não atentamos para os motivos pelos quais certos acontecimentos são considerados errôneos ou absurdos, apenas os detectamos sem nos questionarmos mais profundamente a respeito.

3. O estudo da lucidez onírica no passado

A lucidez no sonho é mencionada desde Aristóteles, no século IV a.C. (LaBerge, 1990; LaBerge, 1998; LaBerge, 2000), e aparece em uma carta de Santo Agostinho, no ano 415 d.C., o que indica que se trata de uma experiência que acompanha a humanidade há muito tempo (LaBerge, 1990). Foi aperfeiçoada no budismo tibetano (LaBerge, 1990; LaBerge e Gackenbach, 2001; Krippner, s/d; Tarab Tulku XI, s/d), no Yoga Indiano, no Sufismo, na Europa Medieval, com São Tomás de Aquino e representa um rico manancial para a pesquisa científica (LaBerge, 1990).

A lucidez onírica foi estudada no século XIX por Myers (LaBerge, 1990) e, muito brevemente e com ceticismo, por Alfred Maury e Havelock Ellis, psicólogos que consideravam sua ocorrência impossível (LaBerge, 1990) e tiveram suas idéias refutadas no século XX por trabalhos experimentais de base psicofisiológica realizados na América do Norte e na Europa (LaBerge, 1990; LaBerge e Gackenbach, 2001). Esses trabalhos comprovaram de modo inequívoco a ocorrência da lucidez no sonho por meio de sinais enviados por onironautas lúcidos em pleno sono REM; tais sinais se baseavam em códigos previamente estabelecidos entre onironauta e pesquisador a partir da correspondência entre movimentos dos músculos oculares reais e movimentos dos olhos oníricos (LaBerge, 1980; LaBerge, 1990; Lucidity Institute, 1996, LaBerge, 1998; LaBerge e Gackenbach, 2001). Entretanto, já em 1909 Freud inseriu uma nota a respeito na segunda edição de Die Traumdeutung (A Interpretação dos Sonhos):

“Há algumas pessoas que ficam muito bem acordadas durante a noite, quando estão adormecidas e sonhando, e que parecem, pois, ter a faculdade de dirigir conscientemente os próprios sonhos. Se, por exemplo, um sonhador deste tipo estiver insatisfeito com o rumo tomado pelo sonho, poderá interrompê-lo sem acordar e começar de novo em outra direção, como um dramaturgo popular pode, sob pressão, dar à sua peça um final mais feliz” (conforme citado por LaBerge, 1990: 41-42).

Em 1914, Freud se pronunciou novamente a respeito da lucidez no sonho em uma carta (conforme citado por Rooksby e Terwee, s/d) na qual respondia a alguns questionamentos levantados por van Eeden.

O conhecimento a respeito das experiências oníricas conscientes é parte do legado de conhecimentos a respeito da experiência humana. O estudo desta última forma um grande livro que se abriu há mais de dois mil anos, com os filósofos gregos e dos Himalaias, e vem sendo continuamente preenchido com novas páginas, as últimas das quais adicionadas pela psicologia e pelas ciências do cérebro, últimas contribuidoras de uma longa e eminente linhagem que talvez marquem o início de um novo capítulo nessa história (Baars, 1997). Atualmente, há importantes pesquisas sobre os sonhos lúcidos com sólidas bases psicofisiológicas (Krippner, comunicação pessoal, março de 2003; LaBerge e Gackenbach, 2001) e psicológicas (LaBerge e Gackenbach, 2001). A ciência considera que estes sonhos, nos quais o ego onírico compreende que está sonhando, são experiências sob estado alterado de consciência, uma vez que permitem ao experienciante sentir na consciência mudanças qualitativas radicais em relação ao seu modo de funcionamento ordinário (Tart, 1972).

4. Razões para a pesquisa da consciência nos sonhos lúcidos

Justificativas teóricas

Do ponto de vista teórico, o estudo dos sonhos lúcidos se justifica nos dias de hoje pela necessidade geral de contribuir com o repertório internacional de informações sobre o tema baseadas em pesquisas realizadas por Stephen LaBerge ( Stanford University , Califórnia), Célia Green ( Institute of Psychophysical Research , Oxford, Inglaterra), Jayne Gackenbach ( Athabasca University and University of Alberta , Edmonton, Canadá), Kenneth Kelzer (Novato, Califórnia), Alan Worsley ( Saint Thomas Hospital , Londres), Robert Rooksby ( Exeter University , UK), Stanley Krippner ( Saybrook Institute , EUA), Charles Tart ( University of California at Davis e Institute of Transpersonal Psychology , Palo Alto), Sybe Terwee ( Leiden University , Holanda), Lynne Levitan ( Stanford University , Califórnia), Daryl Hewitt (San Francisco, Califórnia), Tarab Tulku XI ( Tibetan Department of Copenhagen University , Dinamarca) George Gillespie ( University of Pensilvania , Filadélfia) e Joseph Dane ( University of Virginia ), entre muitos outros, e pela necessidade de colaborar com os esforços de pesquisadores que buscam aprofundar os conhecimentos especificamente relacionados com a indução deliberada desta modalidade de sonho com o intuito de desenvolver e aprimorar técnicas que permitam sua obtenção (Price, LaBerge, Bouchet et al., s/d; Worsley, s/d; LaBerge e Levitan, s/d; Laberge, 1990; Hewitt, s/d; Dane e Castle, s/d) por qualquer pessoa interessada, fato ainda não verificado atualmente.

O conhecimento de como a lucidez se instala no sonho vincula-se estreitamente ao desenvolvimento das técnicas indutoras deste estado alterado de consciência. Ao se somarem ao conhecimento previamente existente, as informações obtidas na análise dos casos relatados podem auxiliar no seu aperfeiçoamento. Considerando que as referidas técnicas visam influenciar a consciência, fazendo com que o teor onírico das imagens internas adentre ao seu campo, existe a possibilidade de que a análise da transição do estado de indiferenciação para o estado de discernimento revele detalhes que talvez tornem mais efetivos os procedimentos baseados no treinamento vígil da atenção e na aplicação de estímulos sensoriais externos durante o sono.

O estudo da lucidez no sonho e das técnicas para se induzi-la vai ao encontro da necessidade de se lançar mais compreensão sobre a amplitude dos estados de consciência (LaBerge e Gackenbach, 2001):

“Lucid dreaming is an experience ideally situated to cast light on a range of states of consciousness, both ordinary and anomalous. Further work needs to be done in a variety of areas, including developing techniques for having and optimally making use of lucid dreams, improving the understanding of the phenomenology and neuroscience underlying the experience, and elucidating the individual differences associated with the spontaneous emergence and talent for developing lucidity ” (: 175, grifo do autor).

O aprimoramento das técnicas de obtenção voluntária, segura e deliberada de lucidez pode nos auxiliar a melhor compreender até que ponto e em que condições as possibilidades de incidência espontânea ou induzida variam.

A possibilidade de contato direto e consciente com a dimensão dos sonhos nos coloca ante uma descoberta comparável à de Cristóvão Colombo no que se refere às chances de exploração de um mundo desconhecido (Kelzer, 2001). Permite que literalmente adentremos ao universo existente no interior do homem adquirindo um “conhecer com” (Edinger, 1999), um contato simultâneo entre sujeito e objeto de conhecimento no qual participamos da aquisição de consciência como sujeito e objeto simultaneamente (Edinger, 1999). O “conhecer com” exige o ver e o ser visto ao mesmo tempo: o sujeito domina o objeto pelo poder logóico com muito esforço e o objeto passa a ser vítima do conhecedor (Edinger, 1999). Sob estado onírico consciente, podemos ser simultaneamente sujeito e objeto da investigação.

A memória vígil dos acontecimentos oníricos é extremamente pobre, o que constitui uma grande dificuldade para a pesquisa do sonho, e, por outro lado, as lembranças desses sonhos lúcidos são mais completas do que as lembranças de sonhos não lúcidos, fatos que reforçam a importância do uso de onironautas como sujeitos de pesquisas (LaBerge, 2000). A possibilidade de “viajar” ao mundo do inconsciente mantendo a lucidez e, portanto, a faculdade crítica não parece ser desprezível pois a psique inconsciente possui tanta realidade quanto corpos celestes distantes e concretos mas inobserváveis diretamente:

“A existência de uma psique inconsciente (...) é tão plausível, poderemos dizer, quanto a de um planeta até agora não descoberto, cuja presença se deduz pelos desvios de alguma órbita planetária conhecida. Infelizmente, falta-nos o auxílio de um telescópio que certifique sua existência” (Jung conforme citado por Saiani, 2000: 48)

É possível que as viagens conscientes ao mundo dos sonhos estejam no caminho para a construção do telescópio que certificará a existência da psique inconsciente... O ego que compreende que está atuando no nível onírico nos instantes em que o seu corpo dorme tem diante de si uma possibilidade nova de obtenção de conhecimento: o contato direto com os complexos nos instantes em que se personificam e se manifestam oniricamente na forma de pessoas, animais, elementos naturais etc. podendo ser estudados. Abre-se, assim, um leque de possíveis experiências conscientes e não usuais.

A lucidez é ferramenta imprescindível para melhor compreensão do mundo dos sonhos:

"Theories of dreaming that not account for lucidity are incomplete, and theories that do not allow for lucidity are incorrect" (LaBerge, 2000, s/p).

O sonho lúcido permite testar teorias sobre os sonhos (LaBerge, 2000) e, considerando que a consciência permite o acesso à vasta fonte de sabedoria do inconsciente (Baars, 1997), proporciona contatos em nível de primeiro grau com a realidade onírica, podendo fornecer um conhecimento complementar ao obtido pela via analítica comum. Os sistemas complexos e inconscientes que usualmente se processam livres de interferência e que podem ser acessados pela mera consciência de seus resultados, bem como as inconscientes fontes de conhecimento que podem ser vastamente acessadas pela consciência (Baars, 1997), incluem o mundo dos sonhos.

Justificativas práticas

Do ponto de vista prático, a alteração da consciência não se vincula forçosamente a patologias (Tart, 1996) e não se detectou vínculos entre lucidez onírica e doenças psíquicas (LaBerge e Gackenbach, 2001) mas, ao contrário, fortes indícios de que ela pode auxiliar na melhora geral da saúde mental e emocional (MacKean, 1997; LaBerge, s/d; Kellogg, s/d; LaBerge e Gackenbach, 2001; LaBerge, 1990).

A lucidez no sonho pode servir como uma psicoterapia intrapessoal na qual a consciência onírica desperta pode ser usada terapeuticamente (Dane conforme citado por LaBerge, 2001). Auxilia na investigação de processos inconscientes, permite interação conciliadora direta com as figuras hostis dos pesadelos (Tholey conforme citado por LaBerge e Gackenbach, 2001; Green e McCreery conforme citado por Gackenbach, 1988; Gackenbach, 1988; LaBerge, 1990) e promove um contato simultâneo entre sujeito e objeto de conhecimento (Edinger, 1999) que amplia a consciência.

Além disso tudo, a possibilidade de socialização do acesso à experiência onírica consciente parece ser, ainda, uma vantagem porque, embora possamos encontrar na sociedade muitas pessoas que tenham passado por sonhos lúcidos espontâneos ou induzidos, elas ainda são minoria em relação ao total da população. O aperfeiçoamento de técnicas indutoras, aliado à produção e divulgação de conhecimento científico a respeito, poderá facilitar o acesso a esta experiência.

Além dos motivos apontados, o estudo dos sonhos lúcidos se justifica pelos resultados práticos adicionais que seguem:

• resignificação da morte (Lange, 1997), importante nos casos de pacientes terminais;

• contato direto com porções profundas da psique, ou seja, interação direta com os conteúdos oníricos ctônicos, possível elemento auxiliar na compreensão do que se passa no inconsciente e na investigação da natureza do sonho;

• exploração do mundo imagético inacessível diretamente aos cinco sentidos;

• terapia contra desordens pós-traumáticas (Tholey conforme citado por Gackenbach, 1988);

• mudanças na estrutura da personalidade (Tholey conforme citado por Gackenbach, 1988);

• colaboração voluntária do ego onírico com processos catárticos durante o sonho por meio da satisfação de desejos proibidos ou impossíveis de serem realizados (LaBerge, 1990).

• possibilidade de realização de uma modalidade intrapessoal de psicoterapia (LaBerge e Gackenbach, 2001) complementar e não alternativa à psicoterapia interpessoal.

Justificativas metodológicas

Do ponto de vista metodológico, a pesquisa sobre a lucidez onírica se justifica pela necessidade, verificada atualmente, de se complementar a abordagem psicofisiológica, experimental, do fenômeno com a abordagem psicológica (LaBerge e Gackenbach, 2001). A primeira, apesar de imprescindível e das imensas contribuições que tem dado, possui limitações, tais como a dificuldade em levar o sujeito a sonhar exatamente aquilo que o pesquisador objetiva estudar (LaBerge e Gackenbach, 2001), os parcos resultados obtidos perante os grandes esforços de pesquisa realizados (Foukes conforme citado por LaBerge e Gackenbach, 2001) e a interferência, no desenrolar do sonho e na percepção do seu conteúdo imagético, da necessidade de envio consciente de sinais pelo onironauta ao pesquisador (LaBerge e Gackenbach, 2001). Por outro lado, dispomos atualmente de estratégias para incremento de confiança na certeza de relatos subjetivos de lucidez (Snyder e Gackenbach conforme citado por LaBerge e Gackenbach, 2001) e podemos ser auxiliados por hábeis sonhadores lúcidos altamente treinados para observação acurada do funcionamento da consciência (LaBerge e Gackenbach, 2001) no interior do sonho. Tais fatos nos permitem considerar adequada a análise dos relatos sob perspectiva psicológica e, dado o caráter inerentemente subjetivo do objeto psíquico, fenomenológica.

O método qualitativo, uma das possíveis formas de estudo que podem ser adotadas, atualmente conquistou seu espaço " como forma promissora e viável de investigação" (Neves, 1996: s/p), tendo sido aplicado ao estudo da lucidez onírica em casos singulares por vários pesquisadores (Gackenbach et al. conforme citado por LaBerge e Gackenbach, 2001). Apresenta as vantagens de permitir a sensibilização para concepções que emergem do material coletado independentemente das expectativas do investigador (LaBerge e Gackenbach, 2001), a sensibilização para os contextos de ocorrência das experiências (LaBerge e Gackenbach, 2001; Martins e Bicudo, 1994; Neves, 1996) e a descrição individual oriunda da compreensão específica do fenômeno situado (Martins e Bicudo, 1994; Neves, 1996), bem como de suas singularidades (Martins e Bicudo, 1994; Ginzburg, 1989; Neves, 1996) a partir da base experiencial do pesquisador com as qualidades detectadas (Martins e Bicudo, 1994). Para que os resultados obtidos sejam mais confiáveis, as fases do projeto de pesquisa, coleta de dados, análise e documentação devem ser cumpridas de modo sequenciado e integral (Neves, 1996). Os problemas de confiabilidade e validação dos resultados podem ser minimizados ao se permitir a checagem da credibilidade do material investigado (Neves, 1996) e se " zelar pela fidelidade no processo de transcrição que antecede a análise, considerar os elementos que compõem o contexto e assegurar a possibilidade de confirmar posteriormente os dados pesquisados" (Neves, 1996: s/p).

O estudo do surgimento da consciência no sonho pela via qualitativa atende ainda a algumas situações específicas:

"A falta de exploração de um certo tema na literatura disponível, o caráter descritivo da pesquisa que se pretende empreender ou a intenção de compreender um fenômeno complexo em sua totalidade são elementos que tornam propício o emprego de métodos qualitativos" (Neves, 1996: s/p)

" Compreender e interpretar fenômenos a partir de seus significantes e contexto são tarefas sempre presentes na produção de conhecimento, o que contribui para que percebamos a vantagem no emprego de métodos que auxiliam a ter uma visão mais abrangente dos problemas, supõem contato direto com o objeto de análise e fornecem um enfoque diferenciado para a compreensão da realidade" (Neves, 1996: s/p).

O aspecto subjetivo das experiências conscientes constitui uma parte difícil da problemática posta por seu estudo, estando entre as mais interessantes questões das ciências da cognição ainda não resolvidas até hoje (Chalmers, 1995), e este é um motivo para se investigá-las enquanto fenômeno situado em um contexto onírico. Além disso, tentar explicá-las apenas em termos de habilidades e funções é adotar uma abordagem reducionista que se desvia de seus aspectos mais difíceis, os quais estão relacionados com a subjetividade (Chalmers, 1995) e constituem uma razão para se adotar uma abordagem fenomenológica. Afirmar que o não verificável exteriormente não possa ser real é negar o fenômeno da experiência humana consciente (Chalmers, 1995), uma vez que a mesma em essência não é fisicamente palpável.

A impossibilidade de observação direta do substrato subjetivo da experiência consciente em um contexto experimental não impede a avaliação de teorias a respeito:

“Even in the absence of intersubjective observation, there are numerous criteria available for the evaluation of such theories: simplicity, internal coherence, coherence with theories in other domains, the hability to reproduce the properties of experience that are familiar from our own case, and even na overall fit with the dictates of common sense” (Chalmers, 1995: s/p).

A narração de uma pessoa a partir de seu senso introspectivo é um testemunho que fornece uma descrição direta de seus próprios processos mentais, apesar da necessidade de ser corroborada por medidas fisiológicas, (LaBerge, 1990) e uma razão pela qual a análise de relatos de consciência onírica desperta se justifica.

A subjetividade inerente ao processo investigado faz com que seja conveniente abordá-lo sob uma perspectiva fenomenológica - no sentido original do termo fainomenon , ou seja, “aquilo que se mostra em si mesmo” (Martins e Bicudo, 1994: 22) - que vise compreender, mais do que explicar, (Martins e Bicudo, 1994) a mudança no significado atribuído às imagens internas pelo sonhador. Esta é apropriada para tratar de fenômenos singulares e dotados de certo grau de ambiguidade (Neves, 1996). A mera consideração dos processos físicos na análise da experiência de se tornar consciente de algo não revela porque a mesma surge (Chalmers, 1995). Há necessidade de se adotar uma abordagem não reducionista para se apreender melhor o aspecto subjetivo da consciência, o mais interessante e difícil dos problemas que sua investigação nos coloca (Chalmers, 1995), seja no campo onírico ou extra-onírico.

Sob as perspectivas fenomenológica ou psicofisiológica, estudos a respeito da consciência em geral e da consciência onírica em particular têm sido publicados por várias instituições científicas, tais como The American Association for the Advancement of Science (Tart, 1972 ), a Parapsychological Association (LaBerge e Gackenbach, 2001) e a Society for Psychical Research , e em periódicos acadêmicos, entre os quais podemos citar as revistas Psychology Today (LaBerge, 1980), Psicologia USP (Leite, 1997), Psicologia Revista (Muniz, 2001), Science (Tart, 1972) e o Journal of Consciousness Studies (Baars, 1997; Chalmers, 1995; Tart, 1996).

Nas universidades, os estudos sobre a lucidez onírica têm sido realizados por três vias: relatos de onironautas, experiência individual dos próprios pesquisadores diretamente com sonhos lúcidos e procedimentos experimentais de base psicofisiológica a partir de alterações nos movimentos oculares de onironautas em sono REM (Eeden, 1913/ s/d; LaBerge, 1980; LaBerge, 1990; Gackenbach,1988; Harary e Weintraub, 1993; Lucidity Institute, 1996, LaBerge e Gackenbach, 2001). No estudo qualitativo, podemos analisar relatos para obter dados indiciários (Ginzburg, 1989) a respeito do objeto, a partir dos quais podemos elaborar conclusões de xvalidade limitada à singularidade dos casos (Ginzburg, 1989; Martins e Bicudo, 1994) e oriundas de uma abordagem totalizante (Pereira, 1998), não reducionista (Chalmers, 1995), que vise mais a compreensão do que a explicação do fenômeno (Martins e Bicudo, 1994) em termos de causalidade linear (Pereira, 2000), ou seja, podemos buscar compreendê-lo pressupondo construção contínua do conhecimento e dentro de uma perspectiva holística em que o teor analítico qualitativo seja fundamental (Pereira, 2000). Uma consideração da experiência de tornar-se consciente de algo não pode explicá-la com sucesso se for reducionista (Chalmers, 1995) a ponto de excluir seu aspecto subjetivo.

5. A inserção da oniricidade no campo da consciência

Das definições citadas no início deste artigo, depreende-se que a oniricidade 1 das cenas imaginais adentra ao foco de atenção do sonhador, sendo captada em seu campo de consciência, como previsto no modelo teórico proposto por Baars (1997), o qual utiliza a metáfora de um holofote de teatro para ilustrar os processos de inserção de conteúdos no campo atencional.

A consciência possibilita o acesso ao desconhecido e inclui entre seus conteúdos o mundo perceptual imediato, as imagens e sons internos (Baars, 1997), o que nos permite supor que, ao estar desperta no sonho, a mesma apreende a realidade imaginal do aqui-agora onírico e pode contatar diretamente seus aspectos desconhecidos para observá-los e melhor conhecê-los.

Em geral, a lucidez parece provir da problematização em torno do conteúdo do sonho:

“Dreamers commonly became lucid when they puzzle over oddities in dream content and conclude that the explanation is that they are dreaming” (LaBerge e Gackenbach, 2001: 153).

Ao "quebrar a cabeça a respeito do estranho" (LaBerge e Gackenbach, 2001; tradução minha) e optar pela conclusão de que está sonhando como única explicação possível, o sonhador pode adquirir lucidez até o ponto de julgar sua situação em plena posse de suas faculdades cognitivas vígeis sem, no entanto, abandonar o estado de sonho e sono (LaBerge, 1998; LaBerge, 2000; LaBerge e Gackenbach, 2001). A dinâmica fenomenológica e psicológica deste processo cognitivo em sua totalidade, isto é, desde os instantes em que se principia até o ponto em que se conclui, está sendo alvo de tentativas de descrição e compreensão neste artigo. Excertos de dois relatos podem ilustrar melhor a natureza do fenômeno que estamos estudando (Muniz, 2001: 93):

“Narrando o sonho... Meu irmão já é falecido há quatro anos. E, recentemente, eu sonhei que ele se encontrava num caixão, como realmente aconteceu, na capela do cemitério. E aí ele levantava desse caixão. E na hora eu dizia assim: ‘ Nossa! Isso não pode estar acontecendo. Porque eu estou sonhando!? ' E, na realidade, ele realmente morreu. E nisso o sonho retrocedia.” (grifo do autor )

“Bom eu ´tava´ na entrada de uma casa, mais ou menos numa rampa. Não tinha garagem. E eu tinha que entrar naquela casa. Tentei várias vezes mas não tinha um caminho. Tinha que subir num muro, passar no meio de um jardim... E como eu não conseguia chegar, eu via a janela da casa mas não conseguia chegar até a janela, eu escutei uma voz que dizia: ‘Você precisa fotografar essa casa para poder lembrar'.

E eu respondia, mesmo sem saber de onde vinha a voz, que não tinha máquina fotográfica e eu não tinha como fotografar a casa. Então a voz me falou: ‘Então, quando você acordar , você vai desenhar essa casa porque é ´pra´ lembrar de todos os detalhes'.

E assim... eu tinha que observar todos os detalhes e na minha cabeça eu pensava: ‘Eu tenho que observar todos os detalhes'. Então eu me lembro de parar e ficar olhando: ‘Então, aqui tem uma rampa...' E eu ficava olhando aquela rampa vários minutos para não esquecer. Para quando eu acordar eu desenhar. Então que fiquei... eu parava e via todos os ângulos que aquela posição me proporcionava. Então eu via a rampa. Então eu fiquei vários minutos tentando gravar na minha mente aquela rampa depois o jardim... Como eu não tinha como fotografar, a mesma voz me pediu para desenhar.

E eu desenhei. Quando eu acordei eu desenhei a casa.

Algumas vezes, enquanto eu ´tava´ passando... em lugares longe da minha casa, em bairros que eu não conhecia, eu até cheguei a prestar atenção ´pra´ ver se eu via algumas casas parecidas. Mas não dava para ficar observando muito os detalhes... não consegui reconhecer.”

P-“Então você sabia que estava dormindo?”

R-“E, senti. Quando ela me falou: ‘... quando acordar ...' aí eu sabia que eu ´tava´ dormindo e que na hora em que eu acordasse eu tinha que fazer aquilo” (Moniz, 2001: 94-95, grifos do autor, segundo relato).

Como se vê nos relatos, n a instalação da lucidez há uma mudança qualitativa no significado atribuído às imagens mentais: antes de se tornar consciente o sonhador as considera físicas e as identifica com a realidade vígil exterior (LaBerge, 1980; LaBerge e Gackenbach, 2001) mas em seguida, após adquirir lucidez, a qualidade onírica das imagens é percebida, a despeito do fato de o sonhador ainda estar sob a letargia corporal profunda do sono REM (LaBerge, 1980; LaBerge, 1990; Lucidity Institute, 1996, LaBerge e Gackenbach, 2001), e o significado atribuído às mesmas é modificado. Portanto, dois significados atribuídos às cenas mentais oníricas devem ser levados em consideração: o de imagens físicas exteriores e o de imagens oníricas interiores.

A lucidez parece estar muitas vezes vinculada à história e a geografia da vida do indivíduo sonhante, se originando de um confronto lógico que este realiza entre as realidades espaço-temporais concretamente vivenciadas no cotidiano e a forma como estas aparecem em sonhos. Ativa participação da memória autobiográfica recente em seus aspectos temporal e espacial foi sugerida na Alemanha por Paul Tholey (1989) com base em aplicações de testes de realidade nos quais o sujeito sonhante se questionava a respeito de onde esteve nas horas antecedentes ao "presente" onírico, à representação interna do aqui-agora exterior. Deste modo, os saltos no tempo e no espaço 2 , ou seja, a descontinuidade na sequência dos acontecimentos típica dos sonhos, em que os acontecimentos não são encadeados de modo lógico, pôde ser captada conscientemente pelo onironauta e levá-lo à lucidez.

O despertar da consciência no interior do sonho implica em alteração do significado atribuído pelo ego onírico às cenas que vivencia. Considerando-se que consciência e cognição coerem intimamente e não funcionam desvinculadamente (Chalmers, 1995), devemos entendê-lo como um processo cognitivo ou metacognitivo especificamente voltado à oniricidade na medida em que corresponde a um “dar-se conta”, um estalo de compreensão e discernimento a respeito da condição em que o sonhador se encontra no nível presente e imediato, o “aqui-agora” do sonho.

6. Conclusões

Na compreensão do fenômeno da lucidez no sonho, os métodos qualitativo e quantitativo vêm se completando em vários países e com resultados que certificam sua existência.

A partir de uma base indiciária, a via qualitativa de pesquisa pode nos oferecer informações a partir de casos singulares analisados em relatos ou na literatura. Apesar da certeza restrita aos casos estudados, as informações oriundas de uma abordagem singularizada totalizante podem ser ponto de partida para posteriores estudos quantitativos que busquem detectar traços gerais do fenômeno.

Nos sonhos comuns, a consciência do sonhador não capta a oniricidade do que vivencia; percebe as representações internas de formas, cores e sons sem se dar conta de seu teor imaginal. No sonho lúcido, ao contrário, há o discernimento de que se sonha.

Originalmente, a palavra "lucidez" foi empregada em um sentido psiquiátrico, oposto ao de delírio, ou seja, no sentido de que o ego onírico não se deixa enganar pelas ilusões dos sonhos, supondo que as mesmas sejam reais. Ao estar consciente do teor ilusório do que percebe, o sonhador está lúcido, capaz de discernir entre o sonho e a realidade 3 .

Os sonhos lúcidos parecem corresponder a uma etapa evolutiva da consciência humana que ainda não foi atingida coletivamente, daí a persistência de seu caráter anômalo. Permitem uma interação direta e segura com o inconsciente e fornecem acesso a informações importantes sobre as profundidades dos mundos da mente e do sentimento.

A possibilidade de aprimoramento das técnicas indutoras de lucidez talvez possa permitir, inclusive, a verificação experimental da (in)existência de conexões interoníricas, ou seja, de pontos de contato entre os sonhos de duas ou mais pessoas, o que seria relevante na investigação parapsicológica e contribuiria para a desmistificação da teoria "ocultista" de que o mundo dos sonhos existe de modo independente da matéria.

Na literatura ocultista, diz-se que os sonhos são vivências do ego nos mundos denominados astral e mental, os quais corresponderiam respectivamente ao mundo dos sentimentos e dos pensamentos. Ambos existiriam por si mesmos, paralelamente ao mundo físico e o compenetrariam, sem com ele se confundirem. Durante a chamada "viagem astral" ou "desdobramento astral", o sonhador estaria atuando em um universo paralelo. O conhecimento sobre o surgimento da lucidez no sonho, e o conseqüente aprimoramento das técnicas indutoras, parece permitir que estas e outras alegações sejam testadas.

A lucidez corresponde à inserção de oniricidade no foco da consciência. Relaciona-se diretamente com uma predisposição do sonhador para detecção de anormalidades denunciadoras do sonho e com a memória, sem a qual seria impossível a comparação e a diferenciação entre a forma assumida pelos fatos no tempo e no espaço. A memória autobiográfica nos permite recordar quem somos, onde vivemos, onde estivemos e as características típicas do mundo físico para compará-las com o que percebemos em sonhos e captarmos a dissonância lógica.

O treinamento diário e correto da atenção vígil educa a consciência no sentido de mantê-la em freqüente expectativa, ainda que inconsciente ou subconsciente, para detecção de traços de oniricidade e está na base das técnicas indutoras perceptuais. O treinamento correto da memória educa a mente do sonhador para que este seja capaz de concluir se está ou não sonhando a partir da lembrança dos lugares em que esteve em seu passado altamente recente e se encontra na base da técnica reflexiva (Tholey, 1989).

A auto-educação para a lucidez no sonho passa diretamente pelo aperfeiçoamento da capacidade de se testar a realidade várias vezes ao dia. Adicionalmente, convém acrescentar que a consciência onírica desperta não se origina apenas do treinamento da atenção e da memória mas também do sentimento. A dúvida é um estado emocional de desconforto acompanhado normalmente pelo desejo de descobrir, de conhecer (Peirce, 1877, s/d). Quanto mais intenso for o desejo de sabermos se estamos ou não sonhando, mais efetivos serão os testes de realidade. Tais fatos nos permitem conjeturar se as pessoas altamente emotivas são mais propensas ou não à lucidez e pode servir de inspiração para estudos futuros.

7. Referências bibliográficas

Baars, B.J. (1997). In the theatre of consciousness - global workspace theory: a rigorous scientific theory of consciousness. J. Consciousness Stud. , 4. Disponível em: http:// www.imprint.co.uk/theatre.html .Capturado em agosto de 2003.

Chalmers, D.J. (1995). Facing up to the problem of consciousness. J. Consciousness Stud. , 2. Disponível em: http://www.imprint.co.uk/chal-mers.html . Capturado em agosto de 2003.

Dane, J.R. e Castle, R.L. van (s/d). A comparison of waking instruction and posthypnotic suggestion for lucid dream induction. University of Virginia Medical School, Charlotteskille. Disponível em: http://www.sawka.com/spiritwatch/from.htm . Capturado em março de 2002.

Edinger, E.F. (1999). A criação da consciência: o mito de Jung para homem Moderno. (9 ª edição) (Vera Ribeiro, trad.). Sã o Paulo: Cultrix.

Eeden, F. van. (s/d). A study of dreams, 26. PSPR , copied and profread by Blake Wilfong (blake@phoenix.net). (originalmente publicado em 1913). Disponível em: http://www.lucidity.com/vanEeden.htm . Capturado em 29 de setembro de 2003.

Gackenbach, J. (1988). From sleep consciousness to pure consciousness. Association for the study of dreams . London. Disponível em: http://www-.sawka.com/spiritwatch/from.htm . Capturado em março de 2002.

Ginzburg, C. (1989). Mitos, emblemas e sinais. São Paulo: Companhia das Letras.

Harari, K. e Weintraub, P. (1993). Sonhos lúcidos em 30 dias: o programa do sono criativo (Marli Berg, trad.). Rio de Janeiro: Ediouro.

Hewitt, D.E. (s/d). Induction of ecstatic lucid dreams. San Francisco, California. Disponível em: http://www.sawka.com/spiritwatch . Capturado em 4 de setembro de 2001.

Jung, C.G. (s/d). Memórias, sonhos, reflexões. (21ª impressão) (Dora Ferreira da Silva, trad.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira. (originalmente publicado em 1963).

Kahan, T. e LaBerge, S. (1994). Lucid dream as metacognition: implications for cognitive science. Consciousness Cogn. , 3, 246-264.

Kellogg, E.W. (s/d). A personal experience in lucid dream healing. Ashland, Oregon: The Aletheia Foundation. Disponível em: http://www.sawka.com/spiritwatch . Capturado em 4 de setembro de 2001.

Kelzer, K. (s/d). East meets west, buddhism meets christianity: the lucid dream as a path for union. Novato, California. Disponível em: http://www.sawka.com/spiritwatch . Capturado em 4 de setembro de 2001.

Krippner, S. (s/d). A pós-modernidade e os estudos da consciência. (Lúcia Barrionuevo, trad.). Artigo anexado em mensagem pessoal enviada pelo autor em julho de 2003.

Krippner, S. (s/d). Parapsychology and consciousness research. Saybrook Graduate School. Artigo anexado em mensagem pessoal enviada pelo autor em julho de 2003.

Krippner, S. (2003). Guide to Research. Mensagem pessoal enviada pelo autor por correio eletrônico.

LaBerge, S. (s/d). Healing through lucid dreaming. Stanford University. California. Disponível em: http://www.sawka.com/spiritwatch . Capturado em 4 de setembro de 2001.

LaBerge, S. (1980). Lucid dreaming: directing the action as it happens. Psichol. Today , 15.

LaBerge, S. (1990). Sonhos lúcidos. (J. E. Smith Caldas, trad.). São Paulo: Siciliano.

LaBerge, S. (1998). Dreaming and consciousness. Em: Hamerof, S., Kaszniak, A. e Scott, A. (Ed.). Toward a science of consciousness II. Boston: MIT Press.

LaBerge, S. (2000). Lucid dreaming: evidence that REM sleep can support unimpaired cognitive function and a methodology for tudying the psychophysiology of dreaming. Behav. Brain Sci., 23 .

LaBerge, S. e Gackenbach, J. (2001). Lucid dreaming. Em: Cardeña, E., Lynn, S.J. e Krippner, S. Varieties of anomalous experience: examining the scientific evidence. Washington D.C.: APA.

LaBerge, S. e Levitan, L. (s/d). Induction of lucid dreams, including the use of the dream light. Stanford University. California. Disponível em: http://www.sawka.com/spirit-watch . Capturado em 4 de setembro de 2001.

Lange, T. (1997). Near-death experiences. A paper submitted to Dr. Jayne Gackenbach as part of the course requirements for Psy 473 ( Sleep and Dreams ), Augustana University College. Disponível em: http://www.sawka.com/spiritwatch . Capturado em 4 de setembro de 2001.

Leite, T.M. (1997). Estado de consciência onírica. Psicologia USP , 8, 287-304.

Lucidity Institute (1996). Perguntas mais comuns sobre o sonho lúcido. Sonhos, 16. Disponível em: http://www.gold.com.br/~sonhos/lucidez.htm . Capturado em janeiro de 2001.

Martins, J. e Bicudo, M.A.V. (1994). A pesquisa qualitativa em psicologia: fundamentos e recursos básicos. (2 ª edição). São Paulo: Editora Moraes.

Muniz, C.M. (2001). A experiência onírica consciente: viagens da consciência ao mundo dos sonhos. Monografia de especialização – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - COGEAE. Psicologia Revista , 12: 81-89.

MacKean, D.C. (1997). Lucid dream as a treatment for post traumatic stress disorder: the stigma surrounding dreams. A paper submited to Dr. Jane Gackenbach as part of the course requeriments for Psy 473 ( Sleep and Dreams ). Augustana University College. Disponível em: http://www.sawka-.com/spiritwatch . Capturado em setembro de 2001.

Neves, J.L. (1996). Pesquisa qualitativa: características, usos e possibilidades. Cad. Pesq. Adm. , 1, 3. São Paulo.

Peirce, C.S. (s/d). A fixação da crença. Pop. Sci. Monthly , 12. (Anabela Gradim Alves, trad.) Universidade da Beira Interior. (Trabalho original publicado em 1877). Disponível em: http://bocc.ubi.pt/pag/peirce-charles-fixacao-crenca.html . Capturado em setembro de 2001.

Pereira, M.R.G. (1998). Estudo dos arquétipos básicos da psique vistos enquanto padrões que estruturam o desenvolvimento do homem. Trabalho não publicado. Departamento de Psicologia do Desenvolvimento. PUC-SP.

Pereira, M.R.G. (2000). Desenvol-vendo uma metodologia em psicologia analítica: instrumentos e métodos de trabalho. Trabalho não publicado. Departamento de Psicologia do Desenvolvimento. PUC-SP.

Price, R.; LaBerge, S.; Bouchet, C.; Ripert, R. e Dane, J. (org.) (s/d) The problem of induction: a panel discussion. Disponível em: http://www.sawka.com/spiritwatch . Capturado em setembro de 2001.

Rooksby, R. e Terwee, S. (s/da). Freud, van Eeden and lucid dreaming. Exeter University, UK and Leiden University. The Netherlands. Disponível em: http://www.saw-ka.com/spiritwatch . . Capturado em setembro de 2001.

Saiani, C. (2000). Jung e a educação: uma análise da relação professor/aluno. (1 ª edição). São Paulo: Editora Escrituras.

Tarab, Tulku XI (s/d). A budhist perspective on lucid dreaming. Tibetan Department of Copenhagen University. Denmark. Disponível em: http://www.sawka.com/spiritwatch . Capturado em setembro de 2001.

Tart, C.T. (s/d). Terminology in lucid dream research (on line). University of California at Davis. Disponível em: http://www.sawka.com/spiritwatch . Capturado em setembro de 2001.

Tart, C.T. (1972). States of consciousness and state-specific sciences. Science , 176, 1203-1210.

Tart, C.T. (1996). Altered states are not inherently pathological. J. Consciousness Stud. . Disponível em: http://www.paradigm-sys.com/cttart . Capturado em outubro de 2002.

Tholey, P. (1989). Overwiew of the development of lucid dream research in Germany. Lecture at the VI. International Conference of the Association for the Study of Dreams in London , (Publicado originalmente em: Lucidity Lett. , 8, 1-30). Disponível em: http://www.enabling.-org/ia/gestalt/gerhards/thol_lucid1.html . Capturado em novembro de 2003.

Worsley, A. (s/d). Dream lucidity induction and control. St. Thomas Hospital. London. Disponível em: http://www.sawka.com/spiritwatch . Capturado em setembro de 2001.

Notas

(1) O teor onírico das imagens percebidas, isto é, o fato das imagens pertencerem ao mundo interno do sonho e não ao mundo físico externo. Em geral, é detectada sob a forma de representações de configurações de tempo e espaço diferentes das formas como estas são experienciadas em vigília .

(2) Os sonhos apresentam súbitas rupturas nas sequências lógicas dos fatos: podemos saltar repentinamente de um ponto a outro do espaço e do tempo sem passarmos pelos momentos e lugares que os intermediariam na realidade vígil. Esta ruptura lógica caracteriza uma anormalidade indicadora de oniricidade que pode ser detectada pelo sonhador que reage criticamente à mesma.

(3) A despeito de controvérsia filosófica, empreguei aqui os termos "realidade" e "sonho" em seus sentidos tradicionais e mais comuns.

Agradecimentos

Agradeço ao Dr. Stanley Krippner e ao Dr. Stephen LaBerge pelos materiais de pesquisa providencialmente fornecidos.

Nota sobre o autor

* C. M. Muniz é Especialista em Abordagem Junguiana pela COGEAE da PUC-SP, Licenciado em geografia e história, realizador do projeto musical Esplendor (world music com tendência ibérico-medieval e temáticas oníricas). E-mail para correspondência: othna@terra.com.br .

http://www.cienciasecognicao.org/artigos/v05/m32539.htm
Muniz, Cleber M. (2005). Sonhos lúcidos: o surgimento da lucidez onírica e o seu estudo. Ciências & Cognição; Ano 02, Vol 05. Disponível em www.cienciasecognicao.org
Retirado 18 de maio de 2008